Com supercomputador, CIA pode espiar tudo

A CIA, com a discrição que costuma acompanhar suas atividades, atingiu um novo patamar tecnológico com o desenvolvimento, em seu quartel-general na cidade de Langley, do “Quantum Leap”, um programa sem precedentes para a busca de todo o tipo de dados sobre qualquer pessoa.

Trata-se de um programa de nova geração, mas não se conhecem os detalhes porque o assunto é “top secret” e, graças à liberdade de manobra que o governo concede à agência de inteligência, não foi submetido aos controles que sofreram outras iniciativas análogas.

O vice-diretor do escritório de informações da agência, Bobby Brady, se limitou a dizer em uma entrevista à revista “Fortune” que o Quantum Leap “é tão potente que dá medo”.

“Se caísse em mãos equivocadas poderia se transformar em um verdadeiro Big Brother”, acrescentou Brady.

Quantum Leap será a estrutura de base para os trabalhos do Terrorist Threat Integration Center (TTIC), um novo centro de coordenação das agências de inteligência criado em fevereiro passado pelo presidente George W. Bush.

Pelo pouco que a CIA revelou até agora, o sistema permitirá o acesso, em tempos muito breves, a todas as informações disponíveis no mundo, sejam secretas ou não, sobre qualquer pessoa.

Programas desse tipo sempre geraram polêmicas, ao longo dos anos, entre os que privilegiam a segurança a qualquer custo e os defensores dos direitos civis e da privacidade.

As agências de inteligência americanas são freqüentemente acusadas de espiar até mesmo as residências dos cidadãos americanos.

Um dos casos mais clamorosos foi o do “Echelon”, um programa da Agência Nacional de Segurança (NSA) que gerou polêmicas além das fronteiras do país.

O Pentágono, por sua vez, teve de renunciar a seu programa “Terrorism Information Awareness” (TIA) quando se soube que se tratava de um programa capaz de meter o nariz em qualquer parte, de contas bancárias aos lugares em que costuma passar as férias o mais pacato e anônimo cidadão.

O programa TIA, idealizado pelo controvertido comandante John Poindexter, tinha como idéia básica localizar, entre bilhões de dados sobre padrões de comportamento, algum que pudesse fazer suspeitar sobre atividades terroristas.

Outra iniciativa que gerou polêmica foi o “Carnivore”, um programa do FBI que permitia acesso ao correio eletrônico.

A TSA, agência federal que se ocupa da segurança dos vôos, está atualmente tentando fazer com que seja aprovado pelo Congresso seu programa CappsII, um sistema que recolherá todo tipo de informação sobre os passageiros. Se for aprovado, para cada passageiro haverá uma ficha de cor diferente (amarela, laranja e vermelha) que indicará sua potencial periculosidade.

Voltar ao topo