Chocolate e sorvete combatem o estresse

Os alimentos ricos em açúcar e gorduras, como o chocolate e os sorvetes, ajudam a combater as situações de estresse crônico, segundo uma equipe científica da Universidade de São Francisco.

O estudo explica o mecanismo que induz milhões de pessoas a buscar satisfação e calma nos excessos culinários. As cifras mostram, por exemplo, que após os atentados de 11 de setembro de 2001 aumentou o consumo de carnes e purê de batata entre os americanos, o que comprovaria a teoria.

Segundo os pesquisadores, que publicaram suas conclusões na revista “Proceedings of the National Academy of Sciences”, os alimentos com alto teor de calorias têm efeito calmante sobre as reações orgânicas à tensão permanente.

Novas descobertas científicas assinalaram, além disso, que os hormônios do estresse propiciam a formação de colesterol do tipo mais nocivo.

“Essa poderia ser uma das razões da epidemia de obesidade que atinge a civilização ocidental em geral e os Estados Unidos em particular”, sugeriu Mary Dallman, fisiologista e coordenadora do grupo que conduziu o estudo.

O estudo ratifica a correlação, já percebida há tempos, entre os altos níveis de estresse e a alimentação excessiva nas regiões mais prósperas do mundo. “Trata-se de um novo modelo que coloca sob a mesma explicação aspectos paralelos” desse problema, assinalou Alan Watts, professor de Neurociência da Universidade da Califórnia do Sul.

O que se conhecia até agora sobre o assunto é que, em momentos de estresse, parte do cérebro emite um sinal chamado fator de liberação de corticotropina (FLC). Quando o organismo é submetido a uma situação de tensão, como uma briga ou uma prova, os hormônios do estresse invadem o organismo, ativando os sintomas clássicos da ansiedade, que desaparecem naturalmente assim que acaba essa conjuntura.

O estudo da equipe de Dallman se concentrou nas relações entre essa ansiedade, quando se torna crônica, e o alimento. As experiências foram realizadas com cobaias de laboratório submetidas a situações de estresse agudo e crônico.

Os animais mais ansiosos consumiram grandes quantidades de alimento hipercalórico, bem além da média natural, além de grande quantidade de água açucarada. Depois, os animais desenvolveram depósitos de células de gordura em torno ao abdômen, passo prévio ao alívio do estado de ansiedade e normalização do FLC, que se reativou quando as cobaias perderam peso.

“Às vezes a sabedoria popular tem base científica e este caso parece ser um exemplo”, comentou Bruce McEwen, professor de Endocrinologia da Universidade Rockfeller de Nova York.

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