O presidente Hugo Chávez disse que a adesão da Venezuela ao Mercosul como membro pleno, oficializada nesta terça-feira em uma cúpula extraordinária do bloco realizada em Brasília, é a maior oportunidade que surgiu para seu país nos últimos 200 anos.

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“Trata-se da maior oportunidade histórica em 200 anos na Venezuela, um país que, por modelos de desenvolvimento que tinham sido impostos, estava condenado antes ao subdesenvolvimento, ao atraso e à miséria”, afirmou Chávez no discurso que fez na cerimônia de integração de seu país ao Mercosul.

O líder venezuelano disse ter ido à cúpula principalmente para agradecer a oportunidade que os países do bloco ofereceram à Venezuela. “O Mercosul é sem dúvida a maior locomotiva para garantir nossa independência e acelerar nosso desenvolvimento”, afirmou o presidente venezuelano ao lado de seus colegas do Brasil, Dilma Rousseff; Argentina, Cristina Kirchner, e Uruguai, José Mujica.

De acordo com Chávez, a inclusão no Mercosul permite a Venezuela finalmente superar o modelo de desenvolvimento imposto por outros países e que transformou o país em um monoprodutor de petróleo, sem indústria nem setor agropecuário.

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O presidente acrescentou que por esse motivo os críticos do ingresso da Venezuela são os mesmos que defendem o modelo dependente e que aplaudiam a criação da Área de Livre-Comércio das Américas (Alca), proposta pelos Estados Unidos.

“Nos interessa muito sair desse modelo e impulsionar um novo modelo agrícola, e temos um potencial muito grande para isso: mais de 30 milhões de hectares disponíveis para o desenvolvimento agrícola. Também queremos impulsionar um modelo de desenvolvimento industrial”, disse.

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“Por isso tenho que agradecer esta grande oportunidade. Agora estamos onde deveríamos ter estado sempre. Agora estamos localizados em nossa exata dimensão geopolítica. Este é nosso lugar, nossa essência. Nosso norte é o sul”, disse.

Segundo Chávez, a Venezuela está totalmente comprometida para que o mecanismo de integração não se limite apenas ao comércio. Chávez citou o projeto de seu governo de construir três milhões de imóveis nos próximos seis anos e de montar oito pólos petroquímicos, e pediu às construtoras dos países do Mercosul para participarem dessas iniciativas.

O líder se referiu também ao projeto que pode transformar à Faixa do Orinoco no maior pólo de produção de petróleo do mundo, com até seis milhões de barris diários, e mencionou a possibilidade das empresas do Mercosul participarem da instalação de gasodutos, ferrovias, estradas e da infraestrutura que a iniciativa exigirá.

Chávez comparou a importância regional da entrada da Venezuela no Mercosul com a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva como presidente do Brasil, em 2002, que segundo disse, marcou uma mudança no rumo da América Latina. “Acho que o evento de hoje é muito parecido com o daquele dia. Tenho segurança que a partir de hoje entramos em um novo período de aceleração da história que estamos construindo, de aceleração da geografia, de mudanças políticas, de mudanças profundas”, disse.

De acordo com Chávez, a incorporação de seu país coincide igualmente com o início de um novo ciclo político na Venezuela, em janeiro, quando o vencedor das eleições de outubro assumirá a presidência, para a qual ele é favorito, segundo as pesquisas.

“Para nosso projeto de desenvolvimento nada é mais importante do que este evento de hoje”, disse o governante venezuelano ao manifestar sua confiança na continuidade política em seu país.