Cartel de Cali comprou vitória argentina na Copa de 78, diz filho de traficante

Bogotá– Fernando Rodríguez Mondragón, filho de Gilberto Rodríguez Orejuela, um dos ex-chefes do cartel de Cali, afirmou nesta terça-feira (4) que essa organização deu dinheiro para, supostamente, subornar a seleção peruana e permitir que a Argentina a vencesse por 6 a 0 na Copa de 1978.

"O tema é bastante espinhoso, mas virá a público. Soubemos de primeira mão como foi a partida da Argentina contra o Peru. Meu tio Miguel teve a oportunidade de falar com uma grande autoridade do futebol mundial e lhe confessou isso do dinheiro que houve para arranjar esse jogo para tirar o Brasil da final e em troca de que", comentou Mondragón, sem aprofundar-se no assunto.

A goleada sofrida pelo Peru foi um dos resultados mais polêmicos na história das Copas do Mundo da Fifa, em meio a diversos relatórios sobre subornos à equipe perdedora, jamais comprovados oficialmente.

Mondragón contou também que seu tio ofereceu ao argentino Diego Armando Maradona um contrato de seis meses para jogar no América de Cali ao final da década de 70.

No entanto, de acordo com o filho de Orejuela, a contratação não ocorreu porque Guillermo Cóppola, o ex-empresário do jogador argentino, se opôs no momento, pois Maradona tinha propostas para jogar em times europeus.

Mondragón disse também que a conversa entre o então jovem craque da seleção argentina e Miguel Rodríguez Orejuela aconteceu na casa de seu pai em Cali e seu tio propôs a Maradona US$ 3 milhões pelo semestre em que jogasse no América, time que pertencia ao ex-chefe do cartel de Cali.

"Foi muito tranqüila a conversa e ficaram amigos", descreveu Mondragón. Segundo ele, depois desse encontro o tio e Maradona "se falaram por telefone em muitas ocasiões" e até trocaram presentes.

A versão de Rodríguez Mondragón está em seu livro "El Hijo del Ajedrecista 2", que dentro de algumas semanas estará à venda na Colômbia. Esse é seu segundo volume de anedotas e histórias dos chefes do cartel de Cali, dos quais diz ter sido testemunha.

O autor disse hoje à radio Caracol que o livro também conta com outras revelações do futebol colombiano e mundial, situações nas quais esteve envolvido o poder mafioso de sua família.

Entre as revelações, ele assegura que o pai deu US$ 300 mil a Alex Gorayeb, um alto diretor do futebol colombiano, para pagar um adiantamento do contrato do argentino Carlos Bilardo como diretor técnico da seleção da Colômbia nos anos 80.

Mondragón também afirmou que o empresário argentino Carlos Quieto, "que controlava os jogadores do América, roubava de meu tio tudo o que podia" e inclusive falsificou a assinatura de Juan José Bellini, então presidente do América, para poder fechar a transferência do atacante paraguaio Roberto Cabañas para o futebol francês.

Em seu livro anterior, "El Hijo del Ajedrecista", Mondragón disse que os argentinos Ricardo Gareca e Julio César Falconi se dopavam quando eram jogadores do América.

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