Bush usa lei do século XIX para processar Greenpeace

O Greenpeace protestou hoje no Rio de Janeiro contra a decisão do governo americano, comandado por George W. Bush, de processar criminalmente a organização nos Estados Unidos por causa de um protesto pela proteção da Amazônia realizado em Miami, na Flórida, em abril de 2002. Seis ativistas, com uma mordaça preta, entregaram um pedaço de mogno ilegal ao Cônsul Geral dos Estados Unidos no Rio de Janeiro com a mensagem “Presidente Bush: combata a madeira ilegal, não o Greenpeace” gravada na madeira.

No dia 17 de maio, o Greenpeace corre o risco de ser declarado uma organização criminosa nos Estados Unidos a pedido do Secretário de Justiça americano, John Ashcroft, sob uma obscura lei de 1872, que foi usada apenas duas vezes em 130 anos – sendo que a última vez foi há mais de 100 anos. A lei  visava impedir que donos de tavernas e bordéis atocaiassem navios que atracavam no porto, incitando as tripulações para terra firme, roubando seu dinheiro e rendendo o navio.

Em 2002, ativistas do Greenpeace abordaram o navio comercial APL Jade fora da costa da Flórida para protestar contra um carregamento de mogno extraído ilegalmente da Amazônia com destino a Miami. Os ativistas abriram uma faixa com a mensagem: “Presidente Bush, Chega de Madeira Ilegal”. Os seis ativistas envolvidos no protesto admitiram a abordagem do navio, passaram o final de semana na prisão e foram processados. O protesto era parte de uma série de atividades do Greenpeace ao redor do mundo para expor a exploração e comércio ilegais do mogno e aumentar a proteção da espécie.

No entanto, mais de um ano depois, a administração Bush resolveu processar criminalmente a organização Greenpeace nos Estados Unidos por causa da ação. Esta é a primeira vez na história dos EUA que um grupo de ativistas é processado por atos de desobediência civil.

“Nós não cometemos um crime. Nós agimos para proteger a maior floresta tropical do planeta. E quando uma atitude de desobediência civil é tomada para impedir um crime maior, ela não é apenas legal do ponto de vista da legislação, mas é também o dever moral de cada cidadão. Foi exatamente isso o que fizemos”, disse Paulo Adário, coordenador da campanha da Amazônia do Greenpeace, que participa como testemunha do julgamento em Miami. “A condenação do Greenpeace também representaria uma derrota aos esforços brasileiros de pôr um fim à exploração e comércio ilegais de madeira provenientes da Amazônia. Ao invés de processar o Greenpeace, a administração Bush deveria se esforçar para manter os compromissos de proteção ao mogno e agir para coibir a exploração ilegal de madeira e seu contrabando para o território americano.”

O protesto no consulado americano no Rio de Janeiro é parte de uma série de atividades em representações dos EUA ao redor do mundo que o Greenpeace está organizando durante a semana do julgamento. Mais de 74 mil mensagens foram enviadas à Casa Branca por cidadãos de diversos países em manifestação contra o julgamento.

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