Brasil veta financiamento de aviões ao Equador

O governo brasileiro suspendeu a autorização para que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) financie a venda de 24 aviões Supertucanos à Força Aérea do Equador, um negócio de US$ 261 milhões. A medida é mais uma retaliação ao calote anunciado na semana passada pelo presidente equatoriano, Rafael Correa, que decidiu recorrer à Corte Internacional de Arbitragem para não pagar a dívida de US$ 243 milhões ao BNDES – dinheiro investido na construção da Usina Hidrelétrica de San Francisco, obra tocada pela construtora brasileira Norberto Odebrecht, que foi expulsa do país.

Formalmente, o governo brasileiro ainda não negou o financiamento do BNDES para a compra dos Supertucanos pelo Equador, mas fontes do Planalto foram categóricas, nesta segunda (24), ao tratar do assunto: “Temos todo o interesse em fechar o negócio. A Embraer não é a Odebrecht, os negócios são completamente diferentes, mas eles (equatorianos) terão de encontrar outra fonte de financiamento.”

O negócio da venda dos aviões da Embraer foi anunciado em abril pelo próprio Correa. Recentemente, os equatorianos pediram à empresa brasileira para antecipar a entrega de quatro dos aviões para maio do ano que vem. O acordo preliminar foi acertado, mas o contrato não foi assinado e, agora, ele poderá sofrer restrições porque a idéia era financiar a operação de exportação com recursos do BNDES. Diante do calote no financiamento da hidrelétrica, o próprio banco mandou um recado informal aos negociadores equatorianos: o BNDES não vai analisar novas operações até que se resolva o impasse que envolve a obra da Odebrecht. Com isso, se quiser mesmo receber os aviões em maio, como pediu, Correa terá de encontrar outra forma de financiar a compra. O Brasil tem todo o interesse em concretizar o negócio – comercial e estrategicamente.