Boatos espalham mito do alto valor comercial dos lacres de “latinhas”

Não se sabe como começou, mas o boato de que os lacres das latas de alumínio teriam um alto valor comercial se espalhou pelo Brasil. Em São Paulo, principalmente, pessoas de todas as idades passaram a juntar quilos de lacres com a esperança de engordar o rendimento mensal, uma vez que, conforme o boato, uma garrafa de plástico de dois litros (com um quilo aproximadamente) valeria mais de R$ 200,00. O “comércio” de lacres das latas de alumínio chegou até a Internet com pessoas anunciando promoções, todas em busca de comprador. Acontece que ninguém sabe onde ou para quem vender e o resultado é um grande número de telefonemas e e-mails dirigidos à ABAL e às empresas de reciclagem em busca de informações.

Aos interessados em vender os lacres, o Centro de Informações da ABAL esclarece que as empresas de reciclagem de alumínio reciclam a lata inteira (com ou sem o lacre), mas não compram o lacre separadamente. Isso porque o anel da lata é muito pequeno e pode se perder durante o processo de transporte e peneiragem do material a ser reciclado. Daí ser importante manter o anel preso à tampa, razão pela qual foi adotado o sistema atual de abertura para as latas de alumínio chamado originalmente de stay-on-tab, mas conhecido popularmente como “tampa ecológica”.

Outro esclarecimento feito pela ABAL é que o lacre, assim como o corpo da lata, é feito a partir de uma liga de alumínio. Ao contrário do que sugerem os boatos, não entram em sua composição nem ouro, nem prata e nem platina. Por conter alto teor de magnésio, a liga de alumínio utilizada para fazer o lacre tem fácil oxidação nos fornos que derretem o metal, reduzindo o rendimento da reciclagem e suas chances de ser reciclado isoladamente.

Boato globalizado

Apesar de ter virado mania no Brasil, o “mito dos lacres” não é privilégio nacional. O assunto tem diferentes versões em vários países. Na Noruega, por exemplo, os lacres seriam trocados por cachorros guias para cegos. Instituições como a Faculdade de Odontologia de Piracicaba também são atingidas pelo “comércio” dos lacres. A faculdade chegou a receber 90 ligações em um único dia por conta de um boato de que comprava os anéis para fazer aparelhos dentários – mais uma das muitas versões dessa “lenda urbana”.

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