Berlusconi volta a convidar Monti a se candidatar nas eleições

O ex-primeiro-ministro da Itália Silvio Berlusconi voltou a convidar o atual chefe de governo, Mario Monti, a se candidatar nas eleições parlamentares de fevereiro como líder de um dos partidos da coalizão de centro-direta que governa o país.

Monti anunciou a sua saída do cargo no último sábado e convocou novas eleições. O partido do premiê, o Povo da Liberdade, decidiu escolher Berlusconi como quem vai assumir o cargo de primeiro-ministro em caso de vitória.

O anúncio provocou preocupação no mercado financeiro europeu devido às incertezas da continuidade do combate à crise financeira. A Itália é um dos países mais afetados pela alta da dívida pública, que se aproxima de 2 trilhões de euros (R$ 5,2 trilhões).

Em entrevista ao canal “Italia 1”, que faz parte de uma de suas empresas, Berlusconi disse esperar que Monti se apresente, já que, com ele, o seu partido, o Povo da Liberdade, poderá ganhar as eleições. Ele disse que continuará a ser candidato enquanto o premiê não se decide.

A entrevista acontece dois dias depois de o ex-primeiro-ministro surpreender o cenário político italiano, dizendo que estava disposto a não se candidatar caso Monti aceite uma coalizão formada pelos partidos de centro-direita.

Monti é considerado confiável para a União Europeia e o mercado financeiro por ter sido o responsável pela aplicação das medidas de austeridade exigidas pelo Banco Central Europeu (BCE). O contrário acontece com Berlusconi, que saiu do poder após um governo que aprofundou a crise financeira no país.

Alarmes

Em meio à preocupação com uma eventual eleição de Berlusconi, o presidente italiano, Giorgio Napolitano, pediu que o mercado e as forças políticas europeias não caiam no alarmismo provocado pela saída de Monti.

“Essa difícil transição será superada e para todas as forças políticas será um teste de seu sentido de responsabilidade e vocação europeia para não arriscar os progressos conseguidos através de intensos esforços e dolorosos sacrifícios”, disse.

Mais cedo, o presidente da França, François Hollande, disse não acreditar que haja perspectivas sérias sobre a volta ao poder de Berlusconi, mas disse que as coisas mudarão se o ex-premiê assume.

“Não parece que existe uma perspectiva muito séria na candidatura de Berlusconi, que ele mesmo quer cancelar. De todos modos, com Berlusconi, o que é certo hoje não necessariamente segue sendo no dia seguinte”, ironizou.

Na mesma entrevista, a chanceler alemã, Angela Merkel, deu seu apoio a Monti, dizendo que ele contribuiu muito para recuperar a confiança no sistema político e financeiro italiano. Ela descartou que tenha pedido ao italiano para se candidatar.

“Eu, como chefe de governo alemã, com certeza não me misturarei na questão de quem será candidato na Itália e como serão as eleições. O que eu deixei claro que o governo e seus ministros contribuíram muito para se chegar à confiança na Itália”.

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