Bares franceses cobram por copo de água

Como se já não bastassem o calor asfixiante e a pior seca registrada na França desde 1976, os donos de alguns bares decidiram especular com a alta temperatura, cobrando pelos copos de água de torneira. De Paris até a Côte d?Azur, a tradição de jamais recusar água se tornou coisa do passado, e os clientes precisam pagar entre vinte e trinta centavos de euro por um simples copo de água corrente.

Os donos dos bares se defendem afirmando que tinham de acabar com os “abusos” de certos “aproveitadores”, que ficavam horas sentados “com um mísero café, e pedindo mais água o tempo todo”.

Em seu bar em Nice, Hubert Boivin, presidente da União de Ofícios e Indústrias Hoteleiras dos Alpes Marítimos, passou a cobrar 30 centavos “a partir do segundo copo de água” e não vê nada de errado nisso. “Vá para a Itália, onde cobram até o pão e os talheres”, defende-se.

Obviamente, as entidades de defesa dos consumidores não estão contentes com a iniciativa dos bares e restaurantes, mas a gratuidade do copo de água é apenas uma velha tradição, não amparada pelas leis.

A “questão do copo de água” surgiu devido à mais forte seca registrada em décadas na França, fazendo com que mais da metade do país, de Paris ao sul, adotasse drásticas medidas de racionamento nas últimas semanas.

Entre outras restrições, é proibido lavar os carros, regar jardins e trocar a água das piscinas. Mas a escassez de água não afeta apenas os centros urbanos: o problema está levando ao desespero agricultores, vinicultores e criadores de gado, além de provocar uma forte alta nos preços de frutas e verduras.

Os sindicatos da agroindústria reivindicam um aumento nos subsídios de emergência prometidos pelo ministro da Agricultura, Herve Gaymard, mas ainda não tiveram resposta. Além disso, a temperatura elevada começou a gerar focos de incêndio nas áreas florestais do sul do país, prejudicando o turismo e agravando as dificuldades econômicas do país.

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