Bangladesh: execução de líder opositor provoca protestos

A execução de um líder opositor em Bangladesh provocou violentos protestos nesta sexta-feira, quando partidários de Abdul Quader Mollah incendiaram casas e negócios pertencentes a simpatizantes do governo, deixando pelo menos três pessoas mortas.

Mollah, de 65 anos, foi enforcado na noite de quinta-feira por crimes cometidos durante a guerra pela independência de Bangladesh contra o Paquistão, em 1971. O caso agrava a já tensa situação política do país, de 160 milhões de habitantes.

Embora episódios de violência tenham se espalhado por partes do país, centenas de pessoas comemoravam a execução nas ruas da capital, Daca, afirmando que a justiça foi feita.

Em editorial, o jornal em inglês Daily Star parabenizou a primeira-ministra Sheikh Hasina por julgar e executar Mollah “40 longos anos” depois de ele ter cometido seus crimes.

Mollah, que era líder do partido islâmico Jamaat-e-Islami, foi a primeira pessoa a ser executada por crimes de guerra em Bangladesh sob um tribunal internacional estabelecido em 2010 para investigar atrocidades cometidas durante a guerra pela independência.

Após a execução, ativistas do Jamaat-e-Islami atacaram nesta sexta-feira partidários do governo e integrantes da minoria hindu em várias partes do país, incendiando suas casas e lojas. Pelo menos três pessoas morreram por causa de violência, informaram emissoras locais de televisão. Daca, porém, estava calma. Os hindus são tidos como partidários de Hasina.

O atual governo bengali afirma que soldados paquistaneses, auxiliados por colaboradores locais, dentre eles Mollah, mataram pelo menos 3 milhões de pessoas e estupraram 200 mil mulheres durante a guerra, que durou nove meses.

O caso é politicamente complicado porque a maioria dos réus tem ligação com a oposição. Mollah era um importante membro do Jamaat-e-Islami, partido que foi impedido de participar das eleições nacionais marcadas para 5 de janeiro. Porém, o grupo tem fortes ligações com a principal legenda da oposição, o Partido Nacionalista de Bangladesh.

Opositores do Jamaat-e-Islami dizem que se trata de um grupo fundamentalista que não tem lugar num país secular. Bangladesh é um país predominantemente muçulmano, mas é governado por leis majoritariamente laicas.

O tribunal condenou Mollah pelo assassinato de um estudante e de uma família de 11 pessoas, além do auxílio a tropas paquistanesas no assassinato de 369 durante a guerra. Sua execução fora adiada na terça-feira, após um pedido de apelação, mas o recurso não foi aceito. Fonte: Associated Press.

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