O primeiro-ministro da Irlanda, Brian Cowen, estava sob pressão crescente do próprio partido, o Fianna Fail, para que renunciasse hoje, antes de uma reunião partidária que acontecerá no final da tarde. A Irlanda deverá ter eleições gerais após a aprovação do projeto de lei financeiro, que sancionará as medidas de orçamento e oficialmente o pacote europeu de socorro à Irlanda, de 67,5 bilhões de euros (US$ 90 bilhões). Ontem, a Irlanda recebeu a primeira parte do socorro, de 5 bilhões de euros.
Ontem, Cowen disse ao Parlamento que as autoridades financeiras do país não foram influenciadas pela reunião que ele teve, em setembro de 2008, com Sean FitzPatrick, o ex-dirigente do Anglo Irish Bank Corp., agora nacionalizado. Jerry Beades, membro do comitê executivo do Fianna Fail, disse que é mais provável que Cowen prefira renunciar ao invés de enfrentar um voto de não confiança no Parlamento.
“Eu não sou um traidor econômico”, disse Cowen, após as revelações de que ele se reuniu com FitzPatrick em julho de 2008, dois meses antes do governo irlandês garantir que pagaria detentores internacionais de bônus emitidos por bancos privados da Irlanda, se as instituições falissem.
Líderes da oposição criticaram Cowen por não ter revelado que ele jogava golfe e jantava com FitzPatrick em julho de 2008, algo que veio à tona agora com a publicação do livro “As Gravações de FitzPatrick”, sobre o ex-dirigente do Anglo Irish Bank.
No livro, FitzPatrick afirmou que telefonou a Cowen em março de 2008, quando o preço das ações do Anglo estava entrando em colapso, e disse a Cowen, então ministro das Finanças, que existia um problema com as ações do banco detidas pelo empresário Sean Quinn.
Também hoje, o ministro das Finanças da Irlanda, Brian Lenihan, disse em Belfast que não existe uma moção de não confiança prevista contra Cowen, mas afirmou que se atualizará sobre as pressões que o premiê sofre quando regressar a Dublin, ainda hoje. As informações são da Dow Jones e Associated Press.