Ativistas pró e contra Micheletti são mortos em Honduras

A filha da jornalista hondurenha Karol Cabrera foi assassinada na noite de ontem quando dois homens em uma moto abriram fogo contra o carro onde estavam a repórter – pró-governo Roberto Micheletti – e a vítima. A jornalista seguia com sua filha e outras duas pessoas para sua casa, na zona oeste da capital Tegucigalpa. Os dois passageiros que estavam no carro ficaram feridos e ainda não foram identificados. A filha da jornalista tinha 16 anos e estava grávida de oito meses. No domingo, um ativista contra o governo de facto também foi morto.

O porta-voz da polícia local, Orlin Cerrato, informou que a filha de Karol, Katherine Nicolle, dirigia o carro por uma rua escura quando os motociclistas abordaram o veículo pelo lado do motorista e dispararam repetidamente antes de fugir. A vítima ainda foi socorrida em um hospital, mas não resistiu. Cerrato disse que a jornalista saiu ilesa do ataque e que os médicos conseguiram salvar a vida de seu neto.

Karol possui programas de notícias e comentários nos canais 54 (privado) e 8 (estatal), além de um na rádio privada Cadena Voces, da capital. A jornalista é uma férrea defensora do governo de facto, liderado por Roberto Micheletti e que chegou ao poder depois de um golpe militar que destituiu o presidente Manuel Zelaya em 28 de junho.

A polícia hondurenha também investiga a morte de um ativista pelos direitos dos homossexuais que se juntou aos protestos contra o golpe de Estado contra Zelaya. A Frente Nacional de Resistência afirmou que homens armados em um carro atiraram em Walter Trochez no domingo, quando ele andava pelo centro de Tegucigalpa. A vítima foi levada ao hospital, mas não resistiu.

Investigação ‘exaustiva’

“Trochez era um ativista militante da resistência e era um exemplo de luta contra a ditadura”, disse o grupo, por meio de um comunicado divulgado no dia do enterro da vítima. A entidade culpou “as forças repressivas que a oligarquia usa para parar as exigências do povo hondurenho por democracia e liberdade” pelo ataque. Cerrato afirmou ontem que o caso foi “exaustivamente investigado”, mas não nomeou suspeitos e negou o envolvimento da polícia. Porém, a Frente Nacional de Resistência diz que Trochez era comumente ameaçado por policiais por ser um ativista gay.

Segundo o Observatório Internacional da Situação dos Direitos Humanos, Trochez foi sequestrado por homens mascarados no dia 4 de dezembro. O hondurenho foi agredido e ameaçado de morte por participar de protestos contra a destituição de Zelaya.

Desde que ocorreu o golpe, ao menos dois coronéis do Exército e um sobrinho de Micheletti foram assassinados de forma semelhante. Os casos não foram esclarecidos pelas autoridades e ninguém foi responsabilizado. Vários ativistas contra o golpe de Estado foram mortos durante as manifestações, enquanto forças de segurança invadiram casas e escritórios de suspeitos por apoiar Zelaya.