As forças de segurança americanas fizeram uma incursão em uma casa afegã perto da fronteira com o Paquistão, nesta quarta-feira. Segundo eles, moravam no local pessoas encarregadas de fabricar bombas. Seis pessoas foram mortas na ação, inclusive duas crianças e uma mulher, segundo funcionários afegãos.
Três homens foram também mortos, inclusive um que costumava trabalhar como guarda na fronteira, patrulhando a região entre o Afeganistão e o Paquistão, segundo Mirza Gul, morador de Hom, na província de Khost, local do incidente.
O porta-voz do governo de Khost, Khibar Pashtun, confirmou que uma mulher e duas crianças estavam entre as vítimas. O ataque começou pouco depois da meia-noite, na madrugada desta quarta-feira, e durou uma hora, segundo Gul.
Muitos moradores do vilarejo se reuniram, ao amanhecer, e protestaram contra a incursão, gritando slogans antiamericanos.
A coalizão liderada pelos Estados Unidos informou que suas forças estavam vasculhando a área na busca por um militante chamado Bismullah, que teria organizado ataques a bomba e esconderia armas.
O comunicado da coalizão informa que os militantes atiraram nas tropas, que responderam matando "vários militantes", inclusive Bismullah e outro suspeito de ser autor de bombardeios, Rahim Jam. Uma mulher e uma criança que estavam em um dos prédios em que os militantes estavam atirando também foram mortos, apontava o texto. Não havia explicação para a diferença no número de crianças mortes entre os dados dos funcionários afegãos e os da coalizão.
"As forças da coalizão tomam todas as precauções possíveis para garantir a segurança de não-combatentes durante a condução das operações. É lamentável que os militantes continuem a colocar a vida de inocentes em risco", acusou o comunicado.
O governador da província de Khost, Arsallah Jamal, já havia anteriormente pedido às forças dos EUA que procurem o auxílio afegão antes de lançar ataques à noite. Isso "reduziria os erros", segundo Jamal.
Em 2002, o presidente Hamid Karzai publicamente acusou as forças estrangeiras de excesso em suas operações antiterror. Os EUA alegam ter modificado suas táticas para diminuir as mortes de civis.
Gul informou que os moradores da região estavam levando os corpos das vítimas de Khost para a capital provincial. O objetivo era protestar contra o governador e as forças americanas ali localizadas.