Apagão do lixo deixa 100 mil crianças sem escola na Itália

Nápoles – Uma semana após o anúncio de um plano de ação especial do governo italiano, mais de 7 mil toneladas de lixo continuam amontoadas na cidade de Nápoles (Campânia, sul da Itália), e cerca de 100 mil crianças da província estão sem escola por causa da situação.

Hoje, as escolas de vários povoados da região amanheceram com as portas fechadas por tempo indeterminado, por causa das montanhas de lixo nas ruas e praças, obrigando seus milhares de alunos a permanecerem em casa.

Desde a última quinta-feira, centenas de toneladas de resíduos já começaram a ser transportados a outras regiões da Itália, sobretudo à ilha de Sardenha, mas a limpeza total do lixo de toda a região levará semanas.

Além disso, a população também retomou a onda de protestos devido à permanência do acúmulo de lixo, através de bloqueios em ruas e estradas. Mas as manifestações não partem somente da população que sofre com o acúmulo do lixo, mas também dos habitantes de zonas escolhidas para receber os caminhões com os resíduos de Nápoles e arredores.

Na Sardenha, a população recebeu dezenas de caminhões de lixo com muito protesto, e o governador da região, Renato Soru, apesar de afirmar que a ilha não receberá nova frota com resíduos de Nápoles, também foi alvo da revolta: manifestantes fizeram uma pilha de sacos de lixo na frente de sua casa – situação já comum na cidade de Nápoles, onde se formam pilhas de até quatro metros sob as janelas dos moradores.

O chefe do governo italiano, Romano Prodi, anunciou, na última terça-feira, medidas urgentes para resolver a crise: nomeou um comissário extraordinário para a questão, chamou o exército e disse que serão construídas três novas usinas de incineração de lixo na província.

Na última semana, usinas da Suíça se ofereceram para receber os resíduos italianos, já que muitas delas funcionam abaixo do limite máximo de processamento de lixo.

A cidade de Nápoles e as zonas mais próximas têm sido tomadas pelo lixo com freqüência, desde 1994, devido ao mau funcionamento crônico dos centros de processamento de lixo e devido à saturação dos depósitos. Isso acontece, em grande parte, por causa da infiltração da Camorra (máfia napolitana) no rentável mercado da reciclagem de dejetos.

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