AIEA ajudará a Síria a realizar estudos nucleares

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), braço da Organização das Nações Unidas (ONU) para a energia nuclear, ajudará a Síria a realizar estudos de viabilidade para a construção de um reator nuclear no futuro, apesar da forte oposição do Ocidente, disseram diplomatas. Após três dias de intensos debates, o Comitê de Cooperação e Assistência Técnica da AIEA finalmente chegou hoje a um consenso, no terceiro e último dia do encontro anual do comitê em Viena.

“Nós estamos satisfeitos por termos alcançado um acordo de consenso para um programa de cooperação técnica”, disse um diplomata ocidental. “Nós e outros países, que temos profundas reservas sobre o projeto, apoiamos, apesar disso, o conjunto do projeto”, afirmou o diplomata. “Nós deixamos claro nosso ponto: o único projeto da Síria agora estará sob os refletores e continuará sob os refletores.”

O projeto para a futura construção do reator, que deverá ser executado entre 2009 e 2010, tem um custo estimado de US$ 350 mil. Países ocidentais como os Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Canadá e Austrália, todos expressaram oposição ao pedido da Síria, ao argumentar que é “altamente inapropriado” para a AIEA dividir informações e tecnologia com o governo de Damasco, que ainda está sob investigação de ter realizado atividades nucleares ilícitas em um local remoto no deserto.

Mas outros países como a China, Rússia e os chamados “não-alinhados” viram as ressalvas do Ocidente como “interferência política” que mina o programa da AIEA para disseminar o desenvolvimento da energia nuclear para fins civis. De acordo com o compromisso manifestado, o secretariado da AIEA “se comprometeu a manter o projeto sob cerrado escrutínio”, disse o diplomata ocidental. “Nós e outros integrantes do grupo dos dirigentes nos reservamos o direito de reavaliar esse projeto, à luz da atual investigação da AIEA sobre as supostas atividades nucleares passadas da Síria”, afirmou o diplomata.

Agora, o Comitê fará uma recomendação ao corpo de dirigentes da AIEA, formado por 35 governadores, que se encontrará amanhã e sexta-feira. A AIEA mantém em curso uma investigação sobre as supostas atividades nucleares que a Síria teria mantido. No primeiro relatório sobre o assunto, divulgado na semana passada, a entidade diz que o local onde supostamente houve atividade nuclear – chamado Al-Kibar – apresenta características de que ali existiu um reator nuclear (o edifício foi destruído pela aviação de Israel no ano passado) e que vestígios de urânio foram encontrados. As informações são da Dow Jones.