O dirigente do Alto Comissariado da Organização das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), Antonio Guterres, pediu hoje que todos os países mantenham abertas suas fronteiras e ofereçam proteção para aqueles que fogem da violência, pois “as crises novas se multiplicam e as anteriores jamais terminam”.

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A declaração foi dada após alguns países europeus, entre eles a Itália, mostrarem-se reticentes em abrir suas portas para pessoas afetadas pela agitação política e a violência no norte da África e no Oriente Médio. Guterres se referiu à “impressão” persistente na Europa de que todas as pessoas desalojadas estão vivendo no continente. Mas, segundo ele, “simplesmente não é certo que os refugiados estejam se mudando em massa para o norte”.

Em um relatório divulgado hoje, no Dia Mundial do Refugiado, o Acnur afirmou que os países em desenvolvimento receberam 80% dos 15,4 milhões de refugiados no mundo. Na Líbia, por exemplo, quase 1 milhão de pessoas fugiram para países vizinhos, da Tunísia ao Egito, desde que começou a violência, disse Guterres à imprensa, em Roma. Menos de 2% dos refugiados chegaram à Europa. Hoje também é o 60º aniversário da Convenção de Genebra para a proteção dos civis e prisioneiros em tempo de guerra.

“Apelo a todos os Estados do mundo que mantenham abertas as fronteiras para todos aqueles que buscam proteção e têm o direito a recebê-la”, disse. Além disso, Guterres propôs a adoção de um “novo acordo no que se refere a compartilhar a carga e a responsabilidade” com os refugiados. Ele afirmou que os países ricos deveriam oferecer mais apoio às nações em desenvolvimento, pelo peso que recai sobre estas na crise dos refugiados.

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Itália

Ontem, Guterres visitou Lampedusa, uma pequena ilha italiana onde chegaram 20 mil pessoas que fugiram da Tunísia e da Líbia. A atriz Angelina Jolie, embaixadora da boa vontade do Acnur, também visitou a ilha. Guterres pediu ao governo italiano que não repatrie pessoas para a Líbia.

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O governo do primeiro-ministro Silvio Berlusconi assinou na semana passada um acordo com rebeldes líbios, a fim de conter a chegada de pessoas. O governo de Berlusconi inclui um partido xenofóbico, a Liga do Norte, e o ministro do Interior, Roberto Maroni, que se encarrega da crise dos refugiados, é deste partido. As informações são da Associated Press.