Advogado culpa missionária por sequestro no Haiti

Dez missionários batistas norte-americanos foram acusados formalmente por sequestro no Haiti, após tentarem sair do país com 33 crianças sem documentos. O advogado deles, Edwin Coq, afirmou ontem que a líder do grupo, Laura Silsby, é a culpada pela conduta ilegal. Segundo Coq, Laura sabia que o grupo não poderia retirar as crianças do país sem documentos. O advogado disse que os outros missionários acabaram sendo responsabilizados por ações que não entendiam.

“Eu farei tudo que puder para tirar os nove (da prisão). Eles foram simplórios. Eles não tinham ideia do que se passava e não sabiam que precisavam de documentos oficiais para cruzar a fronteira. Mas Silsby não”, afirmou ontem o advogado. A líder do grupo não fez comentários após a acusação.

Os missionários, em sua maioria ligados a duas igrejas de Idaho, afirmaram que estavam resgatando crianças órfãs após o violento terremoto do dia 12, no Haiti. Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), 380 mil menores de idade estão passando necessidade no país. Mas pelo menos dois terços das crianças envolvidas no caso, com idades entre 2 e 12 anos, tinham pais. Alguns desses pais, porém, disseram que entregaram os filhos aos missionários, após receberem promessas de que as crianças teriam uma vida melhor.

Coq disse que, de acordo com o sistema judiciário do Haiti, não haverá um julgamento aberto ao público, mas um juiz irá analisar as provas. O veredicto poderá demorar três meses, afirmou. Um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA disse ontem que Washington monitora a questão e que o governo norte-americano está aberto a “discutir outras saídas legais” para os acusados. Trata-se de uma aparente referência à sugestão feita pelo primeiro-ministro do Haiti, Jean-Max Bellerive, no começo desta semana, de que o grupo possa ser julgado nos Estados Unidos.