120 mil crianças são obrigadas a guerrear na África

A organização humanitária Anistia Internacional (AI) advertiu que cerca de 120 mil menores de 18 anos, “até alguns com apenas oito anos”, estão sendo obrigados a lutar em todo o continente africano como meninos soldados.

Segundo informou há alguns dias o organismo de direitos humanos, através de um relatório, apesar de se observar uma dinâmica de paz crescente em muitas zonas de conflito da África, “a resposta inadequada e insuficiente dos governos africanos e da comunidade internacional para dar solução ao problema do recrutamento de meninos soldados está fazendo aumentar a exploração contínua e inexorável das crianças por parte dos dirigentes das forças armadas, para favorecer seus próprios fins materiais e políticos”.

A AI afirmou, além disso, que países como Burundi, Costa do Marfim, República Democrática do Congo, Libéria, Serra Leoa, Sudão, Uganda e Somália “raptaram crianças nas ruas, em salas de aula e em campos de refugiados”.

A Anistia também indicou que muitos deles “foram retirados de suas próprias casas na mira de um revólver enquanto seus pais observavam a cena impotentes e outros foram seqüestrados enquanto brincavam nas vizinhanças ou caminhavam pelas ruas”.

“Uma vez recrutadas, à força ou voluntariamente, algumas crianças são enviadas a campos de instrução e doutrinação militar, onde a maioria passa por violência e maus-tratos. Há campos onde morreram crianças por causa das duras condições de vida. Depois de várias semanas de instrução, elas são enviadas à linha de frente para combater”, relatou o documento da AI.

Segundo o informe da Anistia Internacional, “o preço pessoal que os meninos soldados pagam costuma ser muito alto”, pois muitos deles “ficam embrutecidos e profundamente traumatizados pelas experiências vividas”.

“Muitos meninos são perseguidos pela recordação dos abusos que presenciaram ou foram obrigados a cometer. As meninas soldados, além da brutalidade e o trauma da própria violação, podem sofrer, com as agressões sexuais, graves lesões físicas ou gravidezes não desejadas, assim como o contágio pelo HIV ou outras doenças de transmissão sexual”, acrescentou o informe.

Finalmente, a AI indicou que o recrutamento e a utilização de meninos soldados em conflitos armados “é um abuso maiúsculo contra os direitos humanos e constitui um crime de guerra”. A organização pediu que os governos africanos “assinem, ratifiquem e apliquem energicamente as normas internacionais que proíbem o recrutamento e o uso de meninos soldados, em particular o Protocolo Facultativo da Convenção sobre os Direitos da Criança, relativo à participação de crianças em conflitos armados, e a Carta Africana sobre os Direitos e Bem-Estar da Criança”.

“Se não for abordado devidamente, o legado da utilização de meninos soldados será, para a África e para essas crianças que presenciaram e cometeram crimes, profundo e duradouro”, concluiu.

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