O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) divulgou hoje uma carta de apoio ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez. A Venezuela atravessa uma crise política, onde os opositores de Chávez tentam forçar sua renúncia. Uma greve geral decretada pela oposição vem parando parcialmente o país desde a semana passada.
Leia a íntegra da carta do MST à Venezuela:
“Ao Povo Venezuelano,
nesses momentos tão difíceis.
Nós, do Movimento dos Trabalhadores rurais sem Terra (MST) do Brasil, temos acompanhado com muita atenção e apreensão os últimos acontecimentos políticos de vosso país.
Estes acontecimentos evidenciam a incapacidade das elites venezuelanas em aceitar mudanças sociais, políticas e econômicas – por menores que sejam – em benefício dos pobres e excluídos.
Querem manter, a qualquer preço, seus privilégios. Para manter esses privilégios, não hesitam em usar todos os instrumentos que possuem, na tentativa de destituir um governo legitimamente escolhido pela imensa maioria do povo.
Nunca em toda a história da Venezuela um governo consultou, através de plebiscitos e eleições, tantas vezes ao povo. Mas essa elite que se diz democrata, frente a possibilidades de mudanças, desrespeita a constituição, manipula inescrupulosamente as informações através do monopólio dos meios de comunicação que detém, utilizam falsas organizações de trabalhadores, provocam o sacrifício de vidas humanas e buscam, a todo custo, um golpe de estado.
Por outro lado, todos nós da América Latina estamos percebendo a ingerência do império Estadunidense, através do governo Bush e dos interesses das empresas petroleiras, que querem controlar a qualquer custo o acesso ao petróleo venezuelano, que abastece em 25% o mercado dos Estados Unidos.
A história de nosso continente está repleta de exemplos e tragédias resultantes da política imperial dos governos dos Estados Unidos para manter os interesses econômicos de suas corporações. Golpes de estado, imposição de ditaduras militares, atentados,prisões, assassinatos de lideranças e até de Presidentes, como aconteceu com Salvador Allende, Torrijos.
Nos últimos anos se tem intensificado, inclusive, a instalação de novas bases militares em nosso continente, como em Arruba, Curaçao, Equador, Bolívia e realizado operações militares de amedrontamento no Paraguai, Argentina, Colômbia e Porto Rico. No Plano estratégico e econômico, tentam nos impor a qualquer preço a ALCA, que é na verdade um plano para controlar todo o continente para atuação livre de suas empresas. Estamos cansados da política da “América para os americanos.. do Norte!”
Usam o exemplo da Venezuela para dar um recado ao povo latino-americano, que nas últimas eleições da Bolívia, Brasil e Equador tem votado contra o neoliberalismo, contra os interesses das multinacionais estadunidenses e contra a ALCA! Aqui mesmo, no Brasil, nas ultimas eleições o candidato das elites ameaçou de que se Lula ganhasse as eleições o país viraria uma Venezuela!!
Em abril passado o golpe militar fracassou porque o povo da Venezuela reagiu a tempo e impôs um derrota histórica a esses interesses. Por isso, nesse momento de mais uma tentativa de golpe, nos somamos ao povo Venezuelano, nos solidarizamos com vocês. Mantenham-se unidos. Não se amedrontem diante de tantas ameaças. Lutem e construam o futuro que a vós pertence.
À luta por mudanças sociais e econômicas que o povo venezuelano desenvolve se somarão os povos do Brasil, da Bolívia, do Equador, da Argentina e do toda América Latina. Lutaremos todos contra o modelo neoliberal.
Contra o privilégio de uma minoria exploradora.
Contra os latifundiários.
Contra os interesses das multinacionais Estadunidenses.
Vamos defender nossa soberania nacional.
Abaixo a Alca !
Viva o Povo Latino-americano!
Egídio Bruneto
Coletivo de relações internacionais do MST.”