São Paulo (AE) – O motorista Célio Marcos Siqueira confirmou hoje, em depoimento ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados, ter ido ao Banco Rural uma vez para buscar uma encomenda do ex-deputado Carlos Rodrigues (PL-RJ).
Siqueira disse que era comum cumprir tarefas para Rodrigues, além do trabalho que faz, normalmente, ao deputado Wanderval Santos (PL-SP), de acordo com a Agência Câmara. As declarações do motorista coincidem com o testemunho, na semana passada, de Santos. Ele é processado por quebra de decoro por que Siqueira sacou R$ 150 mil das contas do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, tido como operador do suposto esquema conhecido como "mensalão".
O motorista afirmou aos parlamentares que encontrou o ex-deputado do PL do Rio na garagem da Câmara, durante o horário de almoço, e recebeu dele o endereço onde deveria pegar a encomenda, com ordens de entregá-la na casa dele.
Ao chegar ao banco, Siqueira disse ter sido identificado por uma funcionária e recebeu um envelope fechado, sem qualquer indicação. Depois disso, entregou o invólucro, diretamente, a Rodrigues, no portão da casa dele, no Lago Sul. O motorista confirmou que, desde janeiro de 1999, quando trabalhava para o então deputado Valdeci Paiva (RJ), prestava serviços ao ex-deputado do PL, então coordenador da bancada da Igreja Universal do Reino de Deus.
O relator do processo, deputado Chico Alencar (Psol-RJ), perguntou a Siqueira se ele não achava estranho servir a dois deputados. Ele respondeu que nunca questionou as ordens, pois precisava do emprego.