Waldemar Seyssel, o palhaço Arrelia, morreu hoje pela manhã, no Rio, aos 99 anos – a sete meses da comemoração de seu centenário. Ele estava internado na Clínica Santa Bárbara desde a última sexta-feira (20), com pneumonia grave, quadro que evoluiu para infecção generalizada. O corpo será enterrado nesta terça-feira, às 14 horas, em São Paulo, cidade em que viveu a maior parte de sua vida e que o fez famoso em todo o País.

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A advogada Ana Cristina de Arruda Botelho, uma das dez netas de Arrelia (ele tinha quatro filhos e oito bisnetos), contou que o avô, nascido no interior do Paraná, pediu para ser sepultado na capital paulista, no jazigo da família, no cemitério da Paz , no Morumbi.

"Um artista quer público e foi em São Paulo que ele ficou mais conhecido", justificou Ana Cristina. Arrelia morava havia oito anos no bairro carioca do Recreio dos Bandeirantes, na zona oeste, com a mulher, Arlete Seyssel, de 89 anos, e uma das filhas, Haydeé Botelho, de 66.

O médico Alexandre Cossenza, coordenador da Centro de Terapia Intensiva (CTI) da Clínica Santa Bárbara, contou que Arrelia já estava inconsciente. Ele cuidou do paciente nesta e em outra internação, em março, que durou 21 dias e se deveu a uma infecção na vesícula.

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Desta vez, Arrelia chegou à clínica em choque (sem pressão arterial). "Ele só ficava na cama e se comunicava muito pouco", descreveu Cossenza. Enquanto ainda estava lúcido, pedia à família para voltar para casa.

Carreira

Faz seis anos desde a última vez que o velho palhaço se fantasiou, conta a neta Ana Cristina. Depois de quebrar o fêmur, num tombo num shopping, a saúde passou a ser uma preocupação constante. "Ele já não tinha firmeza nas mãos suficiente para se maquiar, então preferiu parar, porque não aceitava que outra pessoa o pintasse", lembrou ela. Os parentes pensavam em fazer uma comemoração dos 100 anos de seu nascimento.

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Dono do bordão "Como vai, como vai, como vai? Muito bem, muito bem, bem, bem", Arrelia ganhou o apelido por ser impaciente e travesso quando criança. Ele se tornou palhaço por influência da família, que tinha tradição no mundo circense. Foi no próprio circo que ele conheceu dona Arlete. Ele era casado; ela também. Os dois decidiram se separar para ficarem juntos. E ficaram – por 59 anos.