Moradores de rua estariam sofrendo coação, denuncia ONG

São Paulo, 26 (AE) – Deputados estaduais receberam hoje denúncia de que moradores de rua estão sendo coagidos por policiais militares a ir às delegacias prestar depoimento. “Eles também ameaçam, dizendo que os moradores teriam ajudado a bater nas vítimas. Estão obrigando os sem-teto a mostrar as mãos para ver se não têm sangue”, afirmou o coordenador da Associação Rede Ruas, Alderon Pereira da Costa. “Isso tem gerado pânico nas ruas.”

Por enquanto, um sem-teto fez esse tipo de denúncia à associação, mas os deputados da comissão de representação que acompanha o caso já ouviram relatos semelhantes. “É muito fácil introduzir o medo e pelo medo se pode tentar tirá-los das ruas”, afirmou o deputado Renato Simões (PT).

Para o padre Júlio Lancelotti, os policiais deveriam evitar a repressão na rua. “Não precisam dizer para ir a outro lugar ou ficar perto deles. Por que não se aproximam e usam da criatividade para acolhê-los?” A Polícia Militar nega que esse tipo de abordagem ocorra.

O promotor Carlos Cardoso, presente na reunião da comissão, expressou a mesma preocupação. “A dificuldade (de apurar os crimes) pode estar estimulando ações semelhantes em outros lugares da cidade e do Brasil. Se isso estiver acontecendo, estamos diante da inaceitável banalização da violência.”

Desde a semana passada, Prefeitura de São Paulo e Estado vêm trocando acusações. Hoje, o governador Geraldo Alckmin(PSDB) afirmou que a polícia esclarecerá os crimes e o centro já está seguro. “O problema é o grande número de moradores de rua. Elas precisam sair das ruas para ter vida digna.” A tarefa de recolhê-lhos é da Prefeitura.

Segundo a secretária municipal de Assistência Social, Aldaíza Sposati, ajudas oferecidas pelo Estado, como vagas em hospitais no interior, não são saídas concretas. “Precisamos de ofertas de trabalho e renda.”

Na manhã de hoje, outro morador de rua, Daniel Francisco da Silva, de 50 anos, foi encontrado morto em São Paulo. Seu corpo estava na Rua Santa Veloso, Vila Guilherme, zona norte. Silva teve o pescoço cortado por uma facada. De acordo com os policiais do DHPP, quatro testemunhas foram ouvidas e todas afirmaram que Silva se havia envolvido em uma briga com outro morador de rua. O DHPP afastou ligação com a chacina no centro.

Voltar ao topo