São Paulo

Mocidade Alegre faz homenagem a fundador

O desfile da Mocidade Alegre este ano será acima de tudo uma homenagem ao fundador da escola, Juarez da Cruz. No ano passado, durante a apuração dos votos que deu mais um título à Mocidade, em uma disputa apertada com a Vai-Vai, ele passou mal e foi internado. Sofreu uma parada cardíaca durante a madrugada e não resistiu.

Curiosamente, a morte de Cruz ocorreu justamente no ano em que a escola escolheu como enredo o coração – fonte da vida e dos sentimentos. Este ano, o tema da vez é o espelho. “Gostamos de temas abstratos, em que a escola possa viajar”, afirma Solange Cruz Bichara Rezende, presidente da Mocidade Alegre.

Com o enredo “Da criação do universo ao sonho eterno do Criador… Eu sou espelho e me espelho em quem me criou”, a Mocidade Alegre vai falar da criação, do universo, do samba, do carnaval e de Juarez da Cruz – tudo ao mesmo tempo. “O Criador é Deus, criador do mundo, mas é também o criador do samba”, diz Solange. A escola entrará no sambódromo do Anhembi na segunda noite dos desfiles do Grupo Especial, à 0h20 do domingo.

Assim, o criador do samba também pode ser entendido como sendo Juarez da Cruz, fundador da Mocidade Alegre, “espelho” do Criador com letra maiúscula (Deus). Parece confuso? “O enredo nos proporciona várias viagens. E nós gostamos disso”, justifica Solange.

No samba há referências à criação do mundo e do universo, ao carnaval e aos orixás africanos. Para colocar a escola na avenida, a Mocidade trabalhava com uma estimativa de gastos entre R$ 1 milhão e R$ 2 milhões. “O carnaval de São Paulo é muito disputado. Vamos contar com 3.500 integrantes na avenida, cinco carros alegóricos e 25 alas. Mas as surpresas ficam para a avenida. Se eu contar, estraga”, diz Solange.

Segue a letra do samba-enredo da Mocidade Alegre:

Vai Morada

Chegou a hora de ser feliz

Refletindo na avenida

A minha alma, minha raiz

Da luz, a obra do Criador

O pai do universo e da criação

Fazendo o homem à sua imagem

A plenitude da perfeição

Inspiração tão cristalina

Buscando evoluções

E lá no céu, astrologia

O futuro das gerações

Num ritual de fé

Na força do orixá… Yaba

Oraye Yê-o Mamãe Oxum

Reluzindo no meu caminhar

Abrem-se os portais

Num mundo de imaginação, viver e brincar

Nessa magia, fantasia é ser criança

Tem contos e fábulas pra contar

Na vaidade um ego a cultuar

Beleza, imortalizar

Oh! Meu pavilhão, quanta emoção

Um ser divino que guia

Nossa família em primeiro lugar

Eternamente vai nos abençoar

Sou a luz do Criador… Espelho!

Aos olhos de quem me criou

Sou Mocidade, amor… Bato no peito

O sonho se eternizou!

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