MMA quer implantar corredor entre Paraná e Santa Catarina

Depois de criar três Unidades de Conservação (Ucs) para proteção das matas de araucária no Paraná, este mês de março, o Ministério do Meio Ambiente quer implantar um corredor entre estas áreas e outras quatro existentes em Santa Catarina. O objetivo é recuperar a variabilidade genética da Floresta Ombrófila Mista, que faz parte da Mata Atlântica e chegou a cobrir 200 mil quilômetros quadrados do território brasileiro. Hoje está reduzida a menos de 1%.

A idéia foi apresentada nesta quinta-feira (30) pelo diretor do Programa Nacional de Conservação da Biodiversidade, Paulo Kageyama, durante a 8ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP-8). Pela proposta, o corredor de fluxo gênico teria 200 km, ligando as regiões de Abelardo Luz (SC) e Ponta Grossa (PR). O custo estimado de implantação é de R$ 1 milhão.

?O corredor seria do tipo stepping stone, ou seja, em trampolins, com pequenas áreas ao longo do trajeto, todas com material genético bem definido. O modelo é propício para as araucárias em função destas terem polinização realizada pelo vento?, explica Kageyama. A iniciativa ajudaria a recuperar a variabilidade também de outras plantas, como, por exemplo, a imbuia, a canela-preta, a erva-mate, o bambu e diversas herbáceas.

A intensa exploração da araucária, cuja madeira é muito apreciada pela leveza e perfeição e chegou a estar no topo da lista das exportações brasileiras nas décadas de 50 e 60, levou essa espécie – e por conseqüência seu ecossistema – à beira da extinção. Mesmo assim o comércio da madeira não parou. O biólogo João de Deus Medeiros, professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) afirma que o metro cúbico da madeira chega a ser vendido hoje a U$ 700. E o que é pior: de forma legal. Ele defende que a espécie seja colocada na lista da Convenção para o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas (CITES), o que inibiria sua venda. ?Enquanto não houver uma medida restritiva para o comércio, com punições graves, a destruição não vai parar?, conclui.

Voltar ao topo