Brasília – O presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), Daniel Silva Balaban, afirmou que o Ministério da Educação (MEC) reduziu, neste ano, o uso de organizações não-governamentais (ONGs) em projetos na área educacional. Em audiência pública da CPI das ONGs no Senado, Balaban, afirmou que consultores do ministério assumiram diretamente as ações de educação.

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Balaban citou como exemplo o programa Brasil Alfabetizado, alvo de denúncias em 2006, quando ONGs que receberam recursos para projetos de alfabetização não fizeram o trabalho. Na ocasião, as 47 organizações que executavam o programa passaram por auditoria e em 24 delas foram constadas irregularidades. Os recursos dessas organizações foram bloqueados e a Justiça tenta reaver os valores gastos.

Agora, segundo Daniel Balaban, os recursos começaram a ser repassados diretamente para estados e municípios, que assumem a responsabilidade por cadastrar as ONGs. ?Se os estados verificarem a necessidade de utilizarem as ONGs, eles vão cadastrá-las?, explicou ?O MEC vai avaliar se elas têm capacidade para fazer esses trabalhos, mas os estados e municípios se encarregam da avaliação e do controle dos recursos?, explica. De acordo com ele, somente na educação especial o MEC continuará a trabalhar diretamente com essas organizações.

Quanto à fiscalização, o auditor-chefe do FNDE, Gil Loja, afirma que o fundo avalia a prestação de contas dos projetos e faz auditorias periódicas. Além disso, conta com auxílio da Controladoria-Geral da União e tem parceria com Ministérios Públicos estaduais para acompanhar a execução dos recursos.

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Presidente do Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS), gerido pelo Ministério do Desenvolvimento Social, Ana Lígia Gomes explicou aos integrantes da CPI que, no caso da assistência social, a transferência de recursos não passa pelas ONGs. ?O Fundo não transfere recursos diretamente a entidades, mas por intermédio dos fundos municipais e estaduais?, destacou.

O relator da CPI das ONGs, senador Inácio Arruda (PCdoB-CE), defendeu a unificação dos procedimentos de fiscalização e acompanhamento de gastos entre os diferentes órgãos da administração pública federal: ?O governo age com critérios diferentes para cada área, vamos buscar ver se conseguimos unificar esses critérios de ação do governo federal?.

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Segundo Arruda, a CPI ouvirá ainda representantes do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), da Fundação Banco do Brasil e do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) para saber como esses fundos acompanham os recursos repassados às ONGs.