México pode entrar no Mercosul em 6 meses, diz Furlan

O México pode se associar ao Mercosul nos próximos seis meses, segundo informou o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan. Durante palestra concedida em almoço promovido pela Associação Brasileira de Exportadores e Importadores de Alimentos e Bebidas, o ministro havia informado que o prazo para que isso ocorresse era de 12 meses.

Segundo o ministro, o acerto ganhou corpo depois do encontro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o presidente mexicano Vicente Fox na reunião do G-8 em São Petersburgo, na Rússia. Posteriormente, no encontro do Mercosul em Córdoba, na Argentina o ministro de Relações Exteriores mexicano, Luis Ernesto Derbez teria demonstrado a intenção de acelerar o processo de ingresso do México no bloco. "Ele disse que nesses seis meses se cumpriria a trajetória para que o México faça parte como país associado", afirmou Furlan.

O ministro não soube detalhar em que fase está o processo, mas destacou a vontade política existente entre os países membros para que a associação do México ocorra em breve. "Há uma manifestação concreta de vontade política, o que é muito importante. E como o candidato da situação (Felipe Calderón) foi eleito como sucessor do presidente Fox no México, há uma expectativa de que esse desejo esteja também refletido na opinião do novo presidente", concluiu.

Sistema Geral de Preferências

Furlan criticou duramente a possível exclusão do Brasil do Sistema Geral de Preferências de comércio dos Estados Unidos, conforme informou o USTR (Escritório de Representação Comercial) daquele país. Segundo Furlan, a medida eliminaria a isenção de tarifas para a importação de certos produtos brasileiros, seria unilateral, poderia trazer prejuízos aos dois países e ter efeito negativo sobre as negociações bilaterais.

"Na reunião que tivemos com o secretário de Comércio, Carlos Gutierrez, há cerca de dois meses, criamos um grupo de facilitação de comércio. Medidas unilaterais vão prejudicar as empresas que atuam nos dois países e criar um clima não favorável para a evolução das relações bilaterais", disse Furlan em entrevista coletiva à imprensa

O ministro informou ainda que o secretário de Comércio Exterior do Brasil, Armando de Mello Meziat, deve visitar em breve a China para tratar de assuntos que afetam a produção e a venda de bens brasileiros no mercado interno. "Um deles é o setor de brinquedos. (O secretário) vai levar propostas de maneira que possa haver uma negociação de contingenciamento voluntário em alguns setores mais sensíveis", disse, sem especificar quais setores.

Superávit comercial

O ministro projetou hoje o saldo da balança comercial brasileira para 2006 em US$ 42 bilhões, com as exportações atingindo a meta desejada pelo governo, de US$ 132 bilhões, e as importações chegando a US$ 90 bilhões. Segundo Furlan, o crescimento das importações é saudável e era esperado, dada a melhora das condições do mercado interno

O volume das importações previstas pelo ministro para 2006 representa um crescimento de 22% sobre o total importado no ano passado. "O que nos colocaria em quatro anos praticamente dobrando o valor de US$ 47 bilhões, que foi o de 2002.

Para o ministro, a alta dos produtos importados demonstra um maior dinamismo do mercado interno, que passa a se abrir sem gerar efeitos negativos para a produção local. "É um momento em que a economia brasileira se abre sem grandes traumas. Tudo isso em favor do consumidor brasileiro, que pode escolher produtos de qualidade a preços mais competitivos", defendeu.

Furlan ainda explicou que a retomada das importações deriva do grande esforço feito desde o início do governo Lula para alavancar as vendas externas em face da depressão observada no mercado local

Perguntado sobre a perspectiva de superávit comercial projetado por ele para 2007, o ministro não quis expor um número, e indicou um crescimento mais modesto no saldo da balança comercial. "O Brasil não precisa de superávit de US$ 45 bilhões. Se a gente tivesse um superávit de US$ 30 bilhões a US$ 35 bilhões, seria mais do que suficiente, portanto tem uma grande folga para o aumento da importação", explicou.

O ministro ainda comentou os dados da balança divulgados hoje, e disse que o aumento expressivo das importações foi fruto de compras de petróleo feitas no mês passado, que acabaram sendo contabilizadas no início de agosto.

Por fim, Furlan destacou que espera até o fim do ano números recordes sucessivos nos indicadores de comércio exterior do Brasil. "O ritmo continua bom, de um lado e do outro. Portanto a gente espera que a cada mês tenhamos números melhores que os dos mesmos meses do ano anterior", finalizou.

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