Meta de inflação para este ano será mantida, garante Meirelles

A meta ajustada de 8,5% para a inflação neste ano não será modificada. A garantia foi dada hoje pelo presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, em entrevista coletiva à imprensa sobre a saída de Ilan Goldafajn, da Diretoria de Política Monetária. Meirelles não quis entrar em detalhe sobre a meta de inflação, argumentando que isso seria antecipar a ata da reunião de ontem do Comitê de Política Monetária (Copom), que será divulgada na próxima semana.

Para Meirelles, o sucesso do Banco Central será definido pela luta contra a inflação e não apenas pelo critério da meta ajustada. Ele acrescentou que essa meta está comentada na ata do Copom e detalhada no Relatório Trimestral de Inflação, que será divulgado no final de junho. Segundo ele, o Banco Central tem até 2005 para estabilizar as metas e que a prioridade é trazer a inflação para níveis convenientes. “Não há saída de foco”, reforçou.

Sobre a demissão de Goldfajn, o presidente afirmou que a decisão foi tomada em dezembro, pelo diretor, e não tem relação com comentários “momentâneos” que estão na mídia sobre a taxa de juros ou pressão política. Ele admitiu que pensou em mudar a data da saída do diretor, para que não houvesse vinculação com a decisão do Copom, mas decidiu manter o cronograma original.

Meirelles garantiu que vê com serenidade e tranqüilidade as críticas do vice-presidente José Alencar sobre a taxa de juros. Para ele, “numa leitura mais cuidadosa” o que o Alencar quer dizer “é um pouco diferente, é quase que um chamamento e um apelo para que se baixe a taxa de juros no longo prazo”.

Goldfajn assegurou que a sua saída foi um pedido pessoal para retomar suas atividades privadas. Ele informou que durante a quarentena que terá que cumprir, que começa em julho, tem intenção de retomar suas atividades acadêmicas. Enfatizou que tem profunda admiração pela política econômica do governo e acredita que estamos no caminho certo.

Para o diretor demissionário, os “ruídos” sobre a taxa de juros são comentários e manifestações democráticos e que qualquer diretor do Banco Central tem que saber lidar com isso. “São ossos do ofício e não tem nada a ver com a minha saída que estava decidida de longa data”, afirmou.

Goldfajn que vai permanecer no cargo até o final de junho, disse que o cronograma está sendo cumprido fielmente: no final de maio seria anunciada a sua saída que seria efetivada no início de julho, já que no final de junho será divulgado o relatório de inflação.

Durante a coletiva à imprensa, Meirelles apresentou o novo diretor de Política Econômica, Afonso Bevilaqua. Ele deverá tomar posse em junho, após ser sabatinado pelo Senado Federal. Outro novo Diretor é Eduardo Loyo, que ocupará a Diretoria de Estudos Especiais, vaga atualmente.

Questionado se não haveria superposições de tarefas entre as duas Diretorias, o Presidente do Banco Central, disse que, a exemplo dos principais bancos centrais do mundo, o Brasil terá dois formuladores de política monetária e econômica. Mas explicou, que no caso de Loyo, ele não terá funções administrativas, trabalhando em período integral nas duas políticas.

Meirelles disse ainda que foi estritamente técnica a escolha dos dois novos diretores. “Não houve indicação”, enfatizou. De acordo com ele a análise dos nomes estava sendo feita desde dezembro por ele e pelo Ministro da Fazenda, Antônio Palocci. O Presidente assegurou que não há previsão de novas mudanças na diretoria do Banco.

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