Mercosul assina acordo com Índia e países africanos

A festa dos 10 anos do Mercosul terá alguns avanços a mostrar, a despeito do clima tenso criado pelas trocas de ameaças entre Brasil e Argentina. Amanhã deverá ser assinado um acordo comercial entre Mercosul e Índia e outro entre o bloco e um conjunto de países africanos (África do Sul, Botswana, Lesoto, Namíbia e Suazilândia). Além disso, Equador, Venezuela e Colômbia deverão ingressar como membros associados ao bloco, juntando-se à Bolívia e Chile. Também deverá ser anunciada a criação de um Fundo de Convergência Econômica, destinado a ajudar as duas economias menores do bloco, Paraguai e Uruguai.

Não são avanços extraordinários, mas o próprio ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, advertiu que não se deveria esperar uma "revolução" a cada reunião do Mercosul. Os acordos com Índia e África abrangem apenas uma fatia do comércio e o Fundo de Convergência é mais uma decisão política do que um projeto. Discussões fundamentais, sobre como o fundo funcionaria e quanto ele teria à disposição, ainda serão tema para negociações que se prolongarão até maio. A idéia, porém, é de que os governos reservem uma fatia de seus orçamentos de 2006 para o fundo.

O fundo vai bancar projetos como a melhoria do controle sanitário da febre aftosa e a melhoria dos laboratórios de certificação fitossanitária, o que daria mais credibilidade quanto à sanidade dos produtos agropecuários produzidos na região. Ele também poderá atender a regiões com menor desenvolvimento econômico com a concessão de crédito para a agricultura familiar.

O ingresso de novos membros associados ao Mercosul é, na avaliação de Amorim, uma mostra que o bloco não está em crise. "Existe uma verdadeira fila para negociações com o Mercosul", disse. "Nós é que temos esse instinto de auto-flagelação." Na fila, além de Índia e africanos, estão negociações com o México, o Egito e países caribenhos. Também demonstraram interesse em uma negociação o Japão, a Tailândia e a própria China (essa ainda impedida pelo fato de não ter relações diplomáticas com o Paraguai).

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