O mercado financeiro continua apostando na tendência de queda do dólar. A pesquisa semanal Focus, divulgada hoje (20), mostra que a maioria das instituições reduziu de R$ 2,20 para R$ 2,15 sua previsão para a cotação da moeda americana no final deste mês. Foi a quarta semana seguida de queda nessa previsão. Também recuou a expectativa para a taxa média de câmbio deste ano, de R$ 2,30 para R$ 2,26.
Mesmo com a queda, a projeção captada na pesquisa do BC ainda ficou acima das cotações atuais do mercado. O recuo do dólar, que preocupa os exportadores por diminuir a rentabilidade das vendas externas, por outro lado vem provocando reduções significativas nos índices de preços, sobretudo naqueles que captam mais fortemente a variação dos preços no atacado.
As instituições ouvidas na pesquisa do BC reduziram de 0,30% para apenas 0,09% a previsão do IGP-DI de fevereiro. Esta foi a segunda queda consecutiva desta projeção, que estava em 0,35% há quatro semanas. Para março, a estimativa caiu de 0,30% para 0 26%. Também recuou a previsão do IGP-M do mês: de 0,22% para 0 12%.
No caso do IPCA, no entanto, que é usado como indicador oficial de inflação, a redução foi mais modesta. A previsão do ano caiu de 4,66% para 4,64%, mas a expectativa para fevereiro permaneceu em 0,46%.
Mesmo com a expectativa de queda do dólar, o mercado manteve a previsão de US$ 127 bilhões para as exportações deste ano. O ex-diretor de Assuntos Internacionais do BC, Carlos Eduardo de Freitas, acredita que o efeito do câmbio valorizado sobre as exportações não tem sido maior em função de fatores como o bom comportamento dos preços das commodities no mercado externo. "Além disso, temos a manutenção de uma boa demanda por nossos produtos e os ganhos de produtividade obtidos nos últimos anos sustentando nossas exportações", explicou. A oferta de novos produtos, de acordo com Freitas, também tem ajudado na entrada dos exportadores brasileiros em mercados antes não acessados.