Meirelles refuta tese de superdosagem nos juros

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, voltou a defender hoje a política monetária do Banco Central e refutou a tese de que a instituição aplicou uma superdosagem de juros na economia brasileira. "A inflação está dentro do intervalo de tolerância, portanto, consistente com as metas, tal qual as projeções do mercado", disse Meirelles, que não quis considerar a hipótese de a inflação fechar o ano abaixo da meta estipulada pelo Conselho Monetário Nacional.

O presidente do BC voltou a ressaltar também a importância de um controle rígido da inflação para favorecer o maior crescimento do País. "Gostaria de frisar que não há registro de países bem-sucedidos que tenham crescido com inflação", disse o presidente do BC durante palestra no fórum "Cenários 2007 para o Planejamento Econômico e Financeiro das Empresas", organizado pelo Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), no Centro de Convenções Frei Caneca.

Ainda de acordo com Meirelles, o fato de a inflação estar posicionada abaixo do centro da meta é fator positivo, dado que ajuda a ancorar as expectativas relacionadas a uma inflação de preços consistentemente baixa. Para o presidente do BC, ainda é preciso destacar a trajetória dos juros reais, que em 2006 ficaram, na média, em 9,9%, contra uma média de 15% entre 2000 e 2003 e 11,5% no período que compreendeu os anos de 2004 e 2005. "A taxa de juros real está tendo um comportamento que era de se esperar, em função do comportamento da inflação", explicou.

Meirelles participa ainda hoje de dois eventos em São Paulo. Às 18 horas, vai ao Seminário Internacional Anbid de Private Banking. Em seguida, prestigia festa de premiação da revista IstoÉ Dinheiro.

Gastos públicos

Meirelles furtou-se a discutir a importância do controle ou redução dos gastos públicos para que se aumente o potencial do crescimento do PIB brasileiro. Para ele, este é um debate importante, mas não cabe ao BC desenvolvê-lo. "Esse é um debate importante para a sociedade, e o Banco Central está concentrado no seu aspecto fundamental. É importante que cada um cumpra sua missão e a do BC, fixada pelo Conselho Monetário Nacional, é de manter a inflação na meta", disse.

Meirelles, no entanto, destacou que o aprofundamento da discussão em torno do controle dos gastos do governo só ocorre por conta da estabilização econômica do País. "Essa é uma discussão abrangente que o Brasil tem hoje a oportunidade de ter em função deste padrão de ter saído das crises periódicas que nós tínhamos", disse o presidente do BC.

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