A intenção da administração federal é deixar os depoimentos para depois das eleições de 3 de outubro, mas a oposição não admite esperar tanto tempo. “A data será acordada. Pode ser a qualquer momento”, afirmou o chefe da Secretaria de Coordenação Política e Assuntos Institucionais da Presidência da República, Aldo Rebelo, que passou parte do dia de hoje em conversas no Legislativo. “Eles virão no momento oportuno”, desconversou o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), após um dia de reuniões com a oposição.
Quando, exatamente, não se sabe. A reivindicação da base aliada foi para que isso não ocorra nos próximos 15 dias. O Poder Executivo não quer expor, especialmente Meirelles, num momento de discussão importante na área econômica. Nos dias 17 e 18, o presidente do BC comanda o encontro do Comitê de Política Monetária (Copom), que define a trajetória dos juros no País. Apesar de o mercado avaliar que essa reunião não será tão difícil para o BC, uma vez que se espera a manutenção da taxa de juros no patamar atual, a equipe econômica deseja evitar qualquer tipo de vinculação da decisão que será tomada pelos diretores do banco com a crise envolvendo Meirelles.
Além disso, na próxima semana, também será divulgado o resultado do BB no primeiro semestre de 2004, que é esperado com grande ansiedade, depois dos lucros recordes apresentados pelos maiores concorrentes privados, como Bradesco e Itaú.
“Não dá para correr o risco de expor ainda mais o presidente do BC num momento de uma definição técnica da maior importância para o País. Seria uma burrice”, avalia uma fonte.
O acordo em torno da convocação dos presidentes do BC e BB foi um sinal de que o Executivo e a oposição começaram a baixar o tom das discussões e tentam negociar, diplomaticamente. O texto do requerimento, que, inicialmente, citava as acusações contra Meirelles e Casseb, foi trocado por temas sobre economia, assim como o aprovado na CFC.
O Palácio do Planalto insiste, porém, que é preciso despolitizar o trabalho da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Banestado no Congresso, criada há um ano para apurar remessas ilegais de recursos para o exterior. “Ou despolitiza ou a comissão será desmoralizada”, afirmou o líder do governo no Congresso, Fernando Bezerra (PTB-RN), tentando desfazer a confusão criada com a apresentação do pedido do deputado Eduardo Valverde (PT-RO) para que sejam convocados para depor na CPI o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o candidato a prefeito de São Paulo José Serra (PSDB). “Ninguém concorda com isso”, completou.
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