Médico americano é acusado de deserção no Iraque

Um médico do Exército dos Estados Unidos que recusou-se a retornar ao Iraque por acreditar que a guerra é imoral foi considerado culpado de deserção por um tribunal militar americano hoje. Ele está sujeito a sentença máxima de sete anos de reclusão. O médico militar Agustin Aguayo declarou-se culpado da acusação não tão grave de ausência desautorizada, mas não conseguiu contestar a acusação mais grave, de deserção. O caso é acompanhado de perto por grupos pacifistas. O governo mexicano aceitou fornecer assistência consular ao réu, atualmente com 35 anos.

Com a voz trêmula, Aguayo relatou ao tribunal militar no acampamento Leighton, perto de Würzburg, Alemanha, como suas convicções o levaram a fugir da base ao invés de retornar ao Iraque com sua unidade. "Respeito as opiniões de todos, assim como sua decisão, e entendo que algumas pessoas não me entendam" disse ele perante o juiz militar coronel Peter Masterton. "Dei o melhor de mim, mas não tolero armas e nunca conseguiria apontar armas contra ninguém", prosseguiu Aguayo, um mexicano naturalizado americano. Aguayo então citou o líder espiritual da reforma protestante Martinho Lutero: "As palavras de Lutero vieram à minha cabeça: ‘paro por aqui, não posso fazer mais nada’".

Masterton ficou ao lado da promotoria e declarou o réu culpado de deserção. Aguayo também foi considerado culpado de perder o deslocamento das tropas. O capitão Derrick Grace, chefe da promotoria, alegou que a ausência desautorizada em si justificaria uma condenação por deserção. Masterton ainda não decidiu a sentença, que pode incluir redução do soldo e da patente, além de baixa desonrosa.

Aguayo serviu durante um ano como médico de campanha em Tikrit em 2004 depois de o Exército ter rejeitado seu pedido para que fosse considerado objetor de consciência. Ele então pulou pela janela de seu alojamento em 2 de setembro do ano passado antes de ser enviado pela segunda vez ao Iraque e voltou para sua casa na Califórnia. Ele entregou-se numa base militar cerca de três semanas depois.

Aguayo chegou a contestar a ordem de deslocamento ao Iraque na justiça comum dos Estados Unidos, mas perdeu. Aguayo alistou-se em 2002. Ele contou que pretendia juntar dinheiro para estudar. Apesar de a guerra do Afeganistão já estar em andamento e de a discussão sobre o Iraque estar em pauta na época, ele alegou que nunca imaginou a possibilidade de se engajar em combates.

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