Manejo inadequado de plantas daninhas interfere no controle de soja RR

Apesar da soja RR ser opção para lavouras com alta infestação de plantas daninhas, o manejo inadequado vêm permitido a manifestação da resistência de plantas daninhas ao herbicida glyphosate. Há registros, no Paraná e no Rio Grande do Sul, de lavouras de soja RR com problemas de resistência a azevem e espécies de buva. Recentemente, foi confirmado no Rio Grande do Sul, a resistência de amendoim bravo ao glyphosate. "Isso vem ocorrendo porque os produtores não estão usando adequadamente as tradicionais práticas de manejo que valem tanto para soja convencional quanto para soja transgênica", diz o pesquisador, Dionísio Gazziero, da Embrapa Soja.

O pesquisador alerta que o uso continuado de um mesmo herbicida tanto em soja convencional quanto em soja RR acaba selecionando plantas tolerantes e resistentes, o que torna difícil o controle em condições de campo. Como recomendação, ele orienta rotacionar soja convencional e transgênica (soja RR), o que facilita o uso de herbicidas de diferentes mecanismos de ação.

"Em soja RR, o glyphosate é o produto padrão, mas sabemos que seu uso continuado provocará mudanças na comunidade infestante e levará a necessidade de aumento da dose e até mesmo na redução no espectro de ação. Isso resulta em perdas das vantagens competitivas da nova tecnologia", enfatiza Gazziero. "Para manter essas vantagens, é preciso uso de sistemas que possam permitir a sustentabilidade da produção".

A orientação para evitar o problema passa pelo controle das plantas daninhas durante todo o ano e não só na safra de verão. O pesquisador afirma ser comum verificar que as plantas daninhas não são controladas adequadamente na cultura da safrinha e no pousio (período em que a terra fica descoberta). "Nesses casos, ocorre a multiplicação de sementes das espécies infestantes e o aumento do banco de sementes", diz. "Em alguns casos, a pressão de infestação chega a tal ponto que inviabiliza qualquer produto funcionar de forma satisfatória".

Gazziero levanta outro ponto importante referente a utilização de doses recomendadas de herbicida e não sub-doses. "Existe no Brasil a tendência de uso de doses menores do que as recomendadas, fator comumente associado ao escape de controle, especialmente das espécies tolerantes", diz.

Ao analisar os problemas na soja RR, Gazziero ressalta que não se pode ignorar a interferência do mato sobre a cultura (mato-interferência). "Ficamos preocupados ao verificar que algumas propriedades estavam eliminando a operação de dessecação e semeando a soja no mato, o que é um grave erro", explica. "Estudos mostram que as perdas de produtividade podem totalizar pelo menos seis a sete sacos/há, quando não se faz o controle na pré-semeadura".

BUVA

No caso da buva, o problema aconteceu com o uso do glyphosate na entressafra, especialmente nas áreas em que não houve uma adequada ocupação ou cobertura do solo. A buva é uma espécie que se desenvolve em beiras de estradas e áreas não agriculturáveis e dali se espalham com facilidade para as lavouras, através de sementes que são facilmente carregadas pelo vento. "Se não forem tomadas medidas de controle imediatas, quando chega o momento de plantio da soja, muitas vezes, a situação fica insustentável. E o pior, no meio das espécies suscetíveis apareceram os biótipos resistentes,"diz." Além disso, as plantas suscetíveis não são bem controladas quando ficam adultas". Apesar de ser mais comum no sul do Brasil, a buva aparece em alguns estados produtores de soja na região Central, por isso, é importante que seu controle seja feito para evitar a multiplicação. Para Gazziero, a ocupação da área com culturas de safrinha ou de cobertura, associadas ao manejo químico em plantas no início de desenvolvimento resolvem o problema.

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