Maluf e Marta podem ser aliados nas eleições de 2008

O PT de Marta Suplicy e o PP de Paulo Maluf deverão estar juntos na disputa da Prefeitura de São Paulo em 2008. Detalhes desse acordo foram fechados na noite de quarta-feira no restaurante Piantella, em Brasília, entre o próprio Maluf e o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), principal escudeiro da ex-prefeita, durante jantar em que se consumiu o vinho francês Château Plince um bordeaux da região do Pomerol, cuja garrafa custa R$ 255.

Se Marta não for indicada a um ministério, ela será a candidata de uma grande aliança formada por PT, PP, PMDB e PR . A Maluf caberia a escolha do vice. O ex-prefeito paulista disse que seu apadrinhado seria um professor universitário e chegou a citar o reitor da Uniban, Heitor Pinto Filho. Outros dois nomes foram cogitados, mas não foram revelados.

Surpreendidos no restaurante pela reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, os dois negaram que estivessem conversando sobre a próxima eleição municipal, embora os diálogos tenham vazado para as mesas próximas. ?Nós somos colegas na Comissão de Constituição e Justiça e estamos discutindo projetos de interesse do País?, esquivou-se Maluf. Vaccarezza disse, sem convicção, que os dois estavam num encontro casual falando sobre reforma política.

Na verdade, Maluf queria que o encontro ocorresse em local reservado para evitar que a articulação política tivesse outras testemunhas que não os dois. Mas Vaccarezza considerou mais prudente realizar a reunião em um restaurante freqüentado por políticos. Para o petista, esta seria uma forma de disfarçar a natureza do entendimento ali firmado.

A amigos, o ex-governador contou detalhes da conversa e disse que o PT foi muito receptivo à participação de seu grupo na campanha de Marta. Maluf deixou acertado que, em qualquer cenário, com Marta ou outro petista na cabeça de chapa, seu partido apoiaria o PT.

Os dois fizeram ainda uma avaliação do xadrez político da eleição na capital e chegaram à conclusão de que o ex-governador Geraldo Alckmin e o atual, José Serra, ambos do PSDB, estariam em rota de atrito, o que tornaria a candidatura da Marta muito competitiva. Para Maluf, a chance de o PT perder é pequena.

Ainda em sua avaliação, Alckmin pagará um preço político muito alto pelo acidente na obra do Metrô de São Paulo e sua imagem de administrador competente sofrerá sério abalos. Vaccarezza concordou com o ex-prefeito e lembrou ainda que, com a coligação fortalecida pelo apoio de pelo menos quatro partidos, o PT já teria no primeiro turno mais de 50% do horário eleitoral gratuito de televisão.

Um dia depois do vinho e do jantar, ainda mais sóbrios, os dois comemoraram o acordo político. Vaccarezza fez um relato minucioso à ex-prefeita Marta, enquanto Maluf confidenciou a amigos os detalhes do entendimento.

Ficou acertado que até setembro toda a combinação será formalmente costurada pelos partidos dessa aliança.

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