Brasília ? Uma pesquisa encomendada pela Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep) ouviu cerca de mil pais de alunos de escolas privadas em oito regiões metropolitanas do país. O resultado mostra que 53% dos entrevistados aprovam o sistema de cotas para estudantes de escolas públicas em universidades. A resposta da maioria é "surpreendente", para o presidente da Fenep, José Antônio Teixeira, já que o universo dos entrevistados era famílias com filhos matriculados em escolas particulares.
"O resultado mostra que a sociedade, de modo sábio, pensa que a distância social não pode continuar", destacou Teixeira. Ele afirmou que o objetivo da pesquisa ? realizada pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope) ? era avaliar a qualidade da rede particular de ensino, mas a questão das cotas foi abordada. Foram entrevistadas 1001 pessoas em oito regiões metropolitanas (São Paulo, Rio de Janeiro, Vitória, Recife, Porto Alegre, Curitiba, Florianópolis e Distrito Federal).
Teixeira disse que, apesar da Fenep ser a favor das cotas para estudantes de escolas públicas, a Federação é contra a reserva de vagas para negros e índios. "A falta de oportunidade de um negro é a mesma que um branco que mora na periferia tem", afirmou. A pesquisa realizada pelo Ibope mostra que 61% dos entrevistados desaprovam o sistema de cotas para negros e índios nas universidades.
O projeto que estabelece as cotas foi aprovado em caráter conclusivo na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara e, portanto, pode seguir direto para análise no Senado. Mas o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP) já defendeu que o projeto seja votado em plenário. Para que isso ocorra, algum deputado deve apresentar recurso nesse sentido. O projeto estabelece ainda que, na reserva de 50%, um percentual seja destinado a negros e índios.