Maioria dos adolescentes não tem projeto de inserção social solidária

Ao serem incentivados a pensar sobre o futuro, 396 adolescentes que participaram de uma pesquisa do Instituto de Psicologia da USP mostraram baixos índices de projeção solidária, ou seja manifestações de solidariedade e de inserção social. ?Índices maiores são fundamentais para que a sociedade futura tenha adultos conscientes, com autonomia moral e atuante?, afirma a pedagoga e psicóloga Denise D?Aurea Tardeli, autora do trabalho de doutorado.

A pesquisadora, na sua tese, que teve a orientação do professor Yves de La Taille, queria saber se os adolescentes tinham consciência de que a solidariedade é necessária e deve estar presente nos projetos de vida, ao ajudar pessoas sem esperar nada em troca e participar de projetos sociais, por exemplo, tornando-se cidadão consciente.

O teste PROM (Prosocial, Reasoning Objective Measure) foi aplicado a jovens de ambos os sexos, com idades entre 16 e 18 anos e eram alunos de duas escolas particulares de grande porte das cidades de São Paulo e Santos. Todos cursavam o 3.º ano do ensino médio, momento considerado pela pesquisadora como sendo o ?da virada?, favorável para a avaliação do desenvolvimento dos componentes da moralidade. O teste aplicado envolvia três histórias hipotéticas com manifestação de ajuda e um relato escrito pelos próprios adolescentes, sobre como eles se viam daqui a dez anos, comparando o hoje com o amanhã.

A análise dos relatos indicou índices de projeção solidária menor do que os esperados pelos parâmetros do teste aplicado, pois, segundo a pesquisadora, nesta fase, os adolescentes já deveriam ter construído valores morais mais fortes, o que mostra uma imaturidade egoísta. Eles apresentam necessidade de interagir com outras pessoas, mas somente com aquelas que já conhecem como família, amigos e namorados.

Todos os adolescentes apresentaram interesse em ter um trabalho, alguns com intenção materialista. Na direção contrária, poucos mostraram querer fazer algo para tornar o mundo melhor, com ímpeto muito pequeno para a transformação social. As meninas apresentaram características de pró-solidariedade ligeiramente maiores que os meninos. (Fonte: Envolverde/Agência USP)

Agora, compare os resultados da pesquisa realizada pela professora Denise D?Aurea Tardeli, com a realidade que estamos vivendo hoje, retratada nestes dados:

– 1,7 milhões de jovens brasileiros entre 15 e 17 anos estão fora da escola. (Jornal Folha de São Paulo, 14 de janeiro de 2007)

– Nos últimos dez anos piorou, segundo estatísticas liberadas de Brasília, piorou o desempenho dos estudantes de ensino médio. (jornal Folha de São Paulo, 11 de fevereiro de 2007)

– 21% dos estudantes da elite brasileira conseguem ter notas que o colocam em boa posição nos testes comparativos internacionais. (Gilberto Dimenstein – fevereiro de 2007)

Para completar esse quadro temos a análise do Instituto de Pesquisa Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), que mostra o seguinte: 40% dos jovens fora da escola a deixaram por desinteresse; e que somente 17% abandonam a escola para buscar um emprego. Por mais que se misturem os dados – não se pode excluir, por exemplo, uma soma de mais ou dois fatores para explicar a evasão -, o diagnóstico de que a escola ?é chata? é indiscutível. Isso demonstra que a educação vai mal e que algo precisa ser feito.

Os professores de todo o Brasil, iniciaram o ano letivo com uma ?Semana Pedagógica?, ou seja, Sistemas educacionais públicos e privados tiveram como ponto de partida para o seu trabalho educativo a ?dita? Semana Pedagógica. Agora, independente de a instituição ser pública ou privada, pergunto se nesta semana pedagógica foram discutidos, analisados questões que se referem à realidade das escolas brasileiras, como o trabalho educativo que realiza, o desempenho escolar, a evasão escolar, o trabalho docente …

Professores, este espaço está aberto para que vocês apresentem o que foi a semana pedagógica na sua escola.

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