Lula vai assumir negociações para retomar diálogo com PMDB

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deverá se envolverá pessoalmente nas negociações com o PMDB em busca de solução para o impasse provocado pelo apoio do governo à candidatura do senador José Sarney (PMDB-AP) à presidência do Senado.

Até terça-feira, o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, e outros petistas continuarão em campo, conversando com o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) e seu grupo para tentar o entendimento. Mas a solução que interessa ao Planalto, disse hoje Dirceu a Renan, passa pela eleição de Sarney.

A disputa pela presidência do Senado invadiu literalmente o Palácio do Planalto, hoje, quando Dirceu levou Renan a seu gabinete. Em uma reunião de 40 minutos, o ministro repetiu ao senador as propostas para tê-lo como aliado do governo, mas não chegaram a um bom entendimento.

Renan disse que a conversa serviu para reabrir as negociações com o PT, mas que teria deixado claro ao governo que a divisão do PMDB não interessa a ninguém, muito menos ao governo. “A conversa de hoje foi para restaurar a confiança de que o acordo será respeitado”, disse. Mas não disse o que seu grupo exige para que o partido apóie o governo e ele desista de sua candidatura.

Além de Lula, o próprio Dirceu, os senadores Tião Viana (PT-AC) e Aloizio Mercadante (PT-SP) e representantes da ala dissidente do PMDB devem ajudar a resolver o impasse com o PMDB, disse Dirceu. Sem melindres, ele disse a Renan que Sarney é o preferido para o cargo, embora reconheça as qualidades do líder. Renan reconheceu que seu adversário sairia vitorioso numa disputa no plenário, mas que tem o apoio da maioria da bancada.

Para o líder peemedebista, o trabalho do governo em favor de Sarney desrespeita o direito da bancada de indicar o nome que quiser. Ele ameaçou romper o entendimento com o governo, se a situação não mudar. “Temos de reabrir as conversas até o limite do bom senso”, avisou. “Se não avançarem, temos de deixá-las de lado.”

Tião Viana, novo líder da bancada petista no Senado, disse que na terça-feira será dado mais um passo na tentativa de esgotar o diálogo. Dessa vez, com a participação também do presidente do PT, deputado José Genoino (SP), Aloizio Mercadante (SP), e o senador Eduardo Suplicy (SP).

Apesar de não ter se mostrado hoje muito satisfeito com a conversa palaciana – “Não há solução à vista”, disse – Renan afirmou que seu papel é o de “combater o incêndio e não acirrar os ânimos”. E voltou a insistir que não desistirá de disputar a presidência porque a candidatura não é sua e, sim, da bancada.

Voltar ao topo