O ex-presidente da República, Itamar Franco, avaliou hoje que a ausência de um candidato peemedebista "torna mais fácil" a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Acho que aumentam a chances do presidente Lula sem o PMDB", disse, salientando, porém, que toda eleição pode trazer "uma dose de surpresa" e não é possível prever se o processo eleitoral será favorável ao presidente. Itamar, que desistiu de sua pré-candidatura presidencial e vai disputar a indicação do partido para concorrer ao Senado, demonstrou pouca confiança no sucesso da eventual chapa à Presidência encabeçada pelo senador Pedro Simon (RS).

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"A minha visão é que essa luta está cada vez mais difícil", observou, referindo-se à oposição ferrenha da ala governista do PMDB, principalmente do presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), e do senador José Sarney (AP).

Questionado se subiria novamente no palanque de Lula, ele disse que só definirá seu "caminho político" após a convenção estadual do partido. Mas descartou a possibilidade de compor como vice na virtual chapa à reeleição do presidente. "Eu nunca serei candidato a vice do presidente Lula", afirmou, destacando que não foi convidado e se fosse, não aceitaria.

Para Itamar, o PMDB tem todas as condições de oferecer uma candidatura "diferencial", capitaneada pelo senador gaúcho. Na sua opinião, o partido, sem candidato próprio, sofre prejuízos no que chamou de "presidencialismo distorcido" brasileiro, cuja figura máxima é o presidente da República. "Achar que o governador ou o senador solucionam os problemas, não resolvem os problemas políticos, nem os sociais e, muito menos, os econômicos".

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Itamar disse que conversou na noite de ontem com Simon, que revelou estar bastante animado com a possível candidatura. "A tendência dele era manter a decisão, possivelmente a lançando a candidatura amanhã".

O ex-presidente, porém, aconselhou Simon a não concordar com a transferência da convenção nacional do dia 11 para o dia 29 do próximo mês, na véspera da data final para a definição das candidaturas. A estratégia governista é empurrar a convenção para o prazo limite, não dando opções futuras aos defensores da candidatura própria.

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"Ele (Simon) tem uma eleição praticamente certa para senador e, se for à convenção dia 29, terá dificuldades depois de se apresentar como candidato ao Senado", observou Itamar. "O senador Pedro Simon sabe que vai enfrentar uma luta difícil".

Aécio – Itamar se reuniu pela manhã com o governador Aécio Neves (PSDB), no Palácio das Mangabeiras. O ex-presidente não quis fazer considerações sobre o encontro. Disse apenas que gostaria que o PMDB estivesse mais próximo do governador, candidato à reeleição.

Aécio, por sua vez, reiterou a disposição de contar com o apoio dos peemedebistas mineiros e renovou os elogios a Itamar. "É um nome nacional e ele, portanto, tem possibilidade de nos ajudar de todas as formas. De dar dimensão à representação de Minas no Senado".

Na última reunião com o governador, Itamar havia dito que se surpreendera com o fato de lhe ter sido oferecido um suco de abacaxi. Hoje, em tom de brincadeira, reclamou do suco de pêssego. "Suco muito ruim, estava muito doce".