Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai enviar projeto de lei ao Congresso Nacional para autorizar que a parcela de recursos que caberá ao Brasil no Fundo Mundial de Combate à Fome e à Pobreza saia dos cofres da União, enquanto não for autorizada a cobrança de uma tarifa adicional sobre os preços das passagens aéreas internacionais no País. Essa decisão foi antecipada pelo presidente na mensagem que enviou hoje para a primeira sessão da Conferência de Paris sobre Fontes Inovadoras de Financiamento.

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A proposta de criar uma "contribuição solidária" sobre as tarifas aéreas internacionais para alimentar o Fundo Mundial foi aprovada durante a reunião ampliada do G-8 (as sete economias mais ricas do mundo, mais a Rússia) em Evian (França), em 2003, para a qual o Brasil foi convidado. A sugestão partira do presidente francês, Jacques Chirac, anfitrião também do encontro iniciado hoje em Paris e um dos aliados de primeira hora à idéia do presidente Lula de criar o fundo de combate à fome e à pobreza em escala mundial, como meio de tornar viável a meta das Nações Unidas de redução da miséria pela metade até 2015.

Na sua mensagem, o presidente Lula reiterou o compromisso de seu governo de cobrar a "contribuição solidária sobre as passagens aéreas" e informou que já foram tomadas as medidas para a "sua adoção definitiva". Porém, esquivou-se de indicar o prazo para a aplicação do novo tributo no País. Mais assertivo, o governo francês marcou o início da cobrança da tarifa para 1º de julho deste ano, apesar das oposição das companhias aéreas, em especial da Air France.

"Até que essas medidas (para a cobrança da tarifa sobre passagens aéreas) estejam em vigor, contribuiremos por meio de fundos orçamentários, correspondentes à receita que se espera obter com tal mecanismo", informou Lula. "Nesse sentido, um projeto de lei será submetido muito proximamente ao Congresso Nacional", completou.

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Em sua mensagem aos participantes da Conferência de Paris, o presidente destacou que a realização desse evento é uma "prova de que a persistência pode vencer a inércia e o ceticismo" em relação às metas de redução da fome e da miséria e também indica que os "esforços conjuntos podem levar-nos além das palavras e das boas intenções". Mas o presidente não mencionou nenhuma justificativa para sua ausência no encontro, no qual participam outros de seus aliados na campanha mundial de combate à fome, como o secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Kofi Annan, e representantes de 95 países e de 40 organismos internacionais.

Remédios

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O presidente Lula ainda deixou claro que o Brasil apoiará a criação de uma Central Internacional de Compra de Medicamentos, com o objetivo de facilitar e reduzir os custos de compras de remédios por países mais pobres, sobretudo as drogas para o tratamento de enfermidades como a aids, a malária e a tuberculose. Lula afirmou que o Brasil também apoiará a criação do Mecanismo Internacional de Financiamento da Imunização, orientado para o controle de doenças por meio da vacinação em massa.

Lula ainda valeu-se de sua mensagem para destacar "o êxito dos programas que implementamos no Brasil", sem entrar em detalhes. Insistiu que seu governo está empenhado na "superação de uma pesada herança de desigualdade e injustiça e na criação das condições para promover a inclusão social". "Isso não é uma utopia", afirmou, para logo em seguida indicar que o Brasil sediará uma reunião técnica para dar continuidade às decisões e propostas acertadas em Paris.