Lula indica José Maurício Bustani como embaixador na Inglaterra

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou a Londres, na primeira semana de janeiro, o pedido para que o governo britânico aceite José Maurício Bustani como embaixador do Brasil naquele país, conforme informaram fontes do Itamaraty. A solicitação – chamada de “agrément” vem sendo mantida sob sigilo não somente por tradição diplomática, mas especialmente pelo temor de que Londres não venha a respondê-la.

Bustani tornou-se alvo de pesadas pressões dos Estados Unidos, que, com o apoio da Inglaterra, conseguiu derrubá-lo da direção-geral da Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq) no ano passado.

A indicação de Bustani para um dos postos de maior relevância da política exterior brasileira vinha sendo esperada desde a eleição de Lula. Tratava-se de uma iniciativa para reabilitar o embaixador, que acabou punido com o ostracismo pelo governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso por conta de sucessivas críticas à condução do Palácio do Planalto e do Itamaraty ao longo da crise que o atingiu e que acabou por afastá-lo da Opaq.

Nesse episódio, os políticos do PT foram os que mais se sobressaíram no apoio ao embaixador e nos ataques a FHC e ao então chanceler, Celso Lafer. Alegavam que ambos não haviam defendido propriamente a permanência de Bustani à frente da organização. Em meados de dezembro, uma vaga em um “Posto A” aqueles localizados nos Estados Unidos e na Europa Ocidental surgiu com a nomeação do então embaixador do Brasil na Grã-Bretanha, Celso Amorim, como ministro das Relações Exteriores do novo governo. Bustani foi imediatamente escolhido.

A decisão foi tomada a despeito das possibilidades de provocar reação das autoridades dos Estados Unidos – país que deixou claro seu interesse em afastar Bustani da Opaq e de degradar sua imagem pública.

Qualquer recado americano, entretanto, dificilmente virá diretamente a Brasília. Mas pode ser enviado por meio de uma recusa ou de uma ausência de resposta de Londres, um dos principais aliados dos Estados Unidos. Outra iniciativa com potencial de criar rusgas com os americanos foi a indicação do embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, um dos críticos mais ferozes à participação do Brasil nas negociações da Área de Livre Comércio das Américas (Alca), para o segundo posto do Itamaraty. Assim como Bustani, Pinheiro Guimarães também foi punido com o ostracismo pelo governo FHC.

Novos embaixadores

O Palácio do Planalto deu o primeiro sinal, hoje, de que vai alterar a lista dos embaixadores designados para postos no exterior pelo governo FHC e que ainda esperavam a sabatina na Comissão de Relações Exteriores do Senado. Indicado para assumir a embaixada do Brasil, em Ottawa, no Canadá, o embaixador Marcus Caramuru teve a tramitação de sua nomeação suspensa por decisão assinada pelo presidente Lula.

Publicada no Diário Oficial da União, a notícia causou surpresa no Itamaraty. Assessor internacional do Ministério da Fazenda na gestão do ministro Pedro Malan, Caramuru havia sido convidado pelo atual ministro, Antônio Palocci, para continuar provisoriamente na presidência do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) nos primeiros meses do novo governo. Até o momento, não foi divulgado quem seria o candidato do governo do PT para a embaixada brasileira em Ottawa e se Caramuru será designado para outro posto no exterior ou no atual governo.

Além de Caramuru, o embaixador Antonio Augusto Dayrell de Lima também perdeu sua indicação para Havana, em Cuba, para o deputado Tilden Santiago (PT-MG). Essa decisão, entretanto, já havia se tornado pública e não causou surpresa ao ser editada no Diário Oficial de hoje.  Cerca de dez embaixadores designados por FHC continuam esperando a sabatina do Senado, prevista apenas para o início de março, com esperança de não serem surpreendidos pelo novo governo.

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