Lula fala da negociação com a Bolívia e demonstra otimismo com OMC

São Paulo – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva no seu programa semanal de rádio, o Café com o Presidente, gravado na noite de domingo, disse que o Brasil reconhece que "a Bolívia é dona do seu gás; e eles, bolivianos, reconhecem que o Brasil é o maior consumidor".

Lula disse que os dois países precisam "estar em paz" e deixou claro qual será o roteiro que o Brasil admite para a negociação: "A renovação dos acordos que temos que fazer, (deve) levar em conta, primeiro, o contrato que nós temos; segundo, um preço que seja justo para os bolivianos e, ao mesmo tempo, seja justo para os brasileiros que consomem o gás".

Lula voltou a repetir que o País precisa ter a independência na área do gás. "Nós temos que ser donos do nosso nariz. Nós vamos trabalhar para que o Brasil seja auto-suficiente."

Para o presidente, a auto-suficiência em gás natural não implica deixar de importar gás da Bolívia, com a condição de o preço ser conveniente.

OMC 

Lula mostrou-se otimista com a possibilidade de se firmar um acordo de comércio global na OMC, desde que o G-20, representado pelo Brasil, a Europa e os Estados Unidos assumam suas responsabilidades. Tal acordo, acredita Lula, representaria "um avanço para os próximos 20 anos ou 30 anos na questão do comércio internacional".

O presidente explicou o que espera de cada um dos atores no cenário de negociação. "Os Estados Unidos têm uma responsabilidade, que é a de resolver os subsídios. A União Européia tem o compromisso de permitir o acesso ao mercado agrícola para os países pobres, os países em desenvolvimento", afirmou Lula, para depois acrescentar que cabe ao Brasil e ao G-20 a "responsabilidade de flexibilizar o acesso aos bens industriais para os países mais desenvolvidos, Estados Unidos e União Européia".

Segundo Lula, se os três blocos conseguirem configurar esse "triângulo de objetividade, nós poderemos surpreender o mundo com um acordo que parecia impossível". Isto é, assinar um acordo comercial que vai permitir "que os pobres possam vender seus produtos agrícolas nos países mais ricos".

Lula disse considerar os seus encontros com a chanceler alemã Ângela Merkel e o primeiro-ministro Tony Blair como "importantes" e que será possível, em julho, "quando estivermos em São Petersburgo (Rússia), marcar uma reunião em Berlim ou em qualquer outro lugar da Europa, e firmarmos o acordo definitivo da OMC".

Agricultura

Ao analisar a situação da agricultura brasileira, o presidente afirmou que o setor tem sido o responsável, nos últimos anos, pelo crescimento da economia e das exportações brasileiras. "Para nós, a agricultura é a válvula principal do coração deste país."

Lula admitiu que cabe ao governo "assumir a responsabilidade de garantir uma certa eqüidade dos preços". Por isso, disse, "estamos liberando R$ 1,4 bilhão para os agricultores, para garantir o preço mínimo aos agricultores (de soja)".

Lula disse ainda querer trabalhar para garantir "tranqüilidade a todos aqueles que no campo produzem, sejam empresários, seja a agricultura familiar.

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