O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um afago especial nos partido aliados ao governo, como PMDB e PTB, e tratou com especial carinho os que podem vir a fazer uma aliança com ele na disputa pela reeleição, como o PC do B e o PSB. Lula e o presidente do PT, Ricardo Berzoini (SP), deram uma bronca pública nos petistas por causa da eleição para governador de Brasília. Na capital, PT e PC do B têm candidatos distintos ao Palácio do Buriti. E a claque da petista Arlete Sampaio foi à convenção para vaiar o PC do B.
Quando cumprimentou o presidente do PC do B, Renato Rabelo, a turma de Arlete Sampaio vaiou o comunista por cerca de 20 segundos. Berzoini pediu que tivesse compostura, pois o PC do B é um aliado. Lula bateu mais forte nos torcedores e Arlete. "Quero contar uma história para vocês. Em 1989, eu já estava desanimado, estava caindo tanto nas pesquisas, que uma hora falei: vou deixar de ser candidato que senão vou terminar devendo dinheiro e devendo número para o Ibope. Depois, vou ter que concorrer para zerar. Então, vou desistir. Eu estava com o saudoso João Amazonas (então presidente do PC do B), que já não está mais entre nós, e ele dizia: companheiro Lula, nós temos que demarcar o campo, temos que definir quem queremos atingir. Acho que temos de fazer um discurso para a classe trabalhadora. Foi daí que fomos para o segundo turno em 1989".
Depois, ainda mirando na torcida organizada de Arlete Sampaio, Lula lembrou que já teve muita divergência com o PC do B por causa da luta sindical. "Mas de lá para cá a relação minha pessoal com os dirigentes do PC do B, do PC do B com o PT e do PT com o PC do B, em quase todos os Estados da Federação, tem sido uma relação extraordinária, democrática, civilizada, respeitosa. E ela precisa se manter mesmo onde a gente tenha disputa. Digo sempre o seguinte: marido e mulher não pode brigar todo dia por causa do erro que um fez, senão o casamento não dá certo. É preciso ter paciência, contar até 10, tomar um banho gelado", disse Lula. Há uma desconfiança no PT de que Lula poderá fazer uma intervenção branca no partido, obrigando Arlete a se afastar da disputa para apoiar Agnelo Queiroz, que foi ministro dos Esportes.
Ao se referir ao presidente do PSB, Eduardo Campos (PE), Lula disse que ele é mais do que um companheiro no governo, mas um irmão. Lembrou que no momento o PSB enfrenta dificuldades para se coligar com o PT, mas que aguarda a chegada do partido e que confia que, aconteça o que acontecer, os socialistas sempre serão seus aliados. O PMDB foi cumprimentado nas pessoas do presidente do Senado, Renan Calheiros (AL) e do ex-presidente José Sarney. Lula disse que no Senado Renan tem passado por muitas dificuldades, principalmente porque tem sido leal ao governo.