Lula e Chirac discutirão crise econômica e ameaça de guerra

O encontro de amanhã entre os presidentes Jacques Chirac e Luiz Inácio da Silva terá agenda livre, mas as crises econômica e iraquiana deverão prevalecer na pauta. A reunião terá duração de 45 minutos e precede um almoço, restrito aos ministros brasileiros que acompanham o presidente e seus correspondentes franceses. O problema específico do contencioso agrícola não será o tema principal do encontro, mas terá destaque na conversa anterior de Lula com o primeiro ministro Jean Pierre Raffarin, responsável pelo governo.

As declarações do ministro da Agricultura francês, Herve Gaymard, reafirmando a oposição francesa a qualquer abertura de negociações agrícolas antes de 2006 na área da Comissão Européia – data na qual poderá ser iniciada a discussão sobre a reforma da Política Agrícola Comum -, contribuíram para agravar o contencioso já existente.

O ingresso, em 2004, de países do leste, como Polônia e Hungria, poderá tornar ainda mais complexa a negociação para pôr fim aos subsídios e ajuda aos países comunitários. Isso apesar de alguns países europeus estarem interessados nessa reforma, considerando a França o único grande país beneficiário dessa situação.

Hoje, no Palácio do Eliseu, onde não se escondia a curiosidade em torno do presidente brasileiro, os assessores de Jacques Chirac insistiam em dizer que essa é uma primeira visita de trabalho entre eles, cujo objetivo principal é estabelecer um contato pessoal, pois eles ainda não se conhecem.

No caso da crise do Iraque, havia uma certa preocupação do governo brasileiro que apesar de apoiar uma solução político-diplomática, isto é, a concessão de maior prazo aos inspetores da ONU, temia a intransigência norte-americana, disposta a acelerar a deflagração da guerra e podendo esperar apoio político de seus parceiros.

Na sua recente passagem por Paris, no fim de semana, o ministro Celso Amorim que acompanha o presidente Lula, revelou que em nenhum momento no seu encontro de Washington com seu colega norte americano, Colin Powell, foi cobrado qualquer apoio político brasileiro. Powel apenas apresentou, a seu pedido, as justificativas para a posição norte-americanas. Lula poderá repetir amanhã que sua guerra é outra, “contra a fome e a miséria”.

Recepção

Os amigos da esquerda francesa do presidente Luiz Inácio da Silva estão todos convidados para uma recepção na residência do embaixador brasileiro Marcos Azambuja. Pelo menos três antigos primeiros ministros, Michel Rocard, Laurent Fabius e Pierre Mauroy poderão estar presentes, todos convidados, além de artistas e intelectuais franceses próximos dos grupos de esquerda, deputados e dirigentes do Partido Socialista.

O presidente Lula deverá conceder uma audiência, no mesmo local, ao prefeito de Paris, o socialista Bertrand Delanoé, e outra ao diretor do FMI, Horst Kohler. O ministro da Fazenda, Antônio Palocci da Fazenda, terá um encontro no Ministério de Finanças, no final da tarde, com o ministro Francis Mer.

Por volta das 21 horas (horário da França), o presidente seguirá para o aeroporto de Roissy. Ao contrário da vinda, ele não pegará um avião de carreira , mas um vôo do 707 da FAB, o “sucatão” que trouxe à Europa o grupo de apoio – homens da segurança, diplomatas e funcionários. O aparelho deverá fazer uma escala no Recife, antes de seguir para Brasília.

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