Lula condena ultimato de presidente norte-americano a Saddam

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva condenou hoje, de forma direta e enfática, o ultimato do presidente norte-americano, George W. Bush, ao ditador Saddam Hussein para deixar o Iraque em 48 horas, como forma de evitar o início de uma nova guerra. Para o presidente brasileiro, Bush desrespeitou, em seu pronunciamento na noite de ontem (17), o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas e todos os países que defendem uma solução pacífica para a crise no Iraque.

“Na minha opinião, desrespeita a ONU, não leva em conta o Conselho de Segurança, não leva em conta o que pensa o restante do mundo. E acho que isso é grave. É grave para o futuro da ONU que é uma referência de comportamento das nações do mundo inteiro”, enfatizou. Para Lula, a decisão do presidente norte-americano de iniciar os bombardeios a Bagdá caso Saddam Hussein e sua família permaneçam no Iraque, ignora o poder decisório do Conselho de Segurança da ONU que, em tese, é quem pode autorizar e determinar o início de quaisquer intervenções militares no mundo. Questionado se considerava a declaração de guerra legítima, o presidente foi enfático: “Acho que não tem (legitimidade)”.

Lula afirmou que o pronunciamento de Bush deixa claro que o governo dos Estados Unidos transformou a guerra “em um problema eminentemente americano” porque, apesar de todos concordarem que o governo de Saddam Hussein deve ser desarmado, o líder norte-americano não tem o direito de decidir unilateralmente o futuro do planeta. “Todos nós queremos que o Iraque não tenha armas atômicas, que não tenha armas de extermínio em massa. Todos nós queremos que o mundo viva em paz. Agora, isso não dá o direito de os Estados Unidos, sozinho, decidir o que é bom e o que é ruim para o mundo”, disse.

Apesar da iminência da guerra, o presidente não perdeu a esperança de que algo impeça os ataques. “Como sou otimista, fico imaginando que aconteça alguma coisa nessas próximas 24 horas (para evitar a guerra)”, disse. Na noite de ontem (17), pouco antes do pronunciamento de Bush, Lula conversou com o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, a quem reiterou a posição brasileira de defesa da paz. “A paz é uma condição necessária para a humanidade conseguir evoluir”, disse o presidente. Hoje, Annan volta a telefonar para Lula para conversar sobre a repercussão do pronunciamento de Bush no mundo.

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