Lula assume candidatura com ataques à oposição

Na convenção nacional do PT que oficializou sua candidatura à reeleição, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um discurso recheado de ataques à oposição, comparações com o governo de Fernando Henrique Cardoso e auto-elogios. Ele chamou a oposição de "vozes do atraso", "que fazem da agressão e da calúnia suas principais armas", atacou indiretamente seu oponente, o tucano Geraldo Alckmin, por causa da crise na segurança, e disse que o povo não esqueceu o tamanho do buraco que PSDB e PFL cavaram.

No salão do Minas Tênis Clube, decorado com painéis gigantes com um Lula sorridente e um slogan populista – "Lula de novo com a força do povo" -, o presidente repetiu dez vezes a expressão "volto a ser candidato". Para todas, encontrou a justificativa de que o projeto de mudanças do Brasil tem de continuar e que o sonho não acabou. O presidente, no entanto, foi condescendente com o mensalão, citando a crise política apenas superficialmente chamando o maior escândalo já investigado pelo Congresso de "condutas equivocadas".

Diante de uma platéia de cerca de 4 mil petistas, e ao lado do vice José Alencar (PRB), que foi anunciado como o parceiro da chapa da campanha pela reeleição, Lula disse que os indicadores sociais e os números da economia são os melhores dos últimos 10 anos, mas mesmo assim afirmou que não está satisfeito com a taxa de juros. "Hoje as vozes do atraso estão de volta. E como não têm uma boa obra no passado e nem propostas para o futuro, fazem da agressão e da calúnia suas principais armas", afirmou Lula.

Sob delirantes aplausos, o presidente disse ainda que o povo não quer os tucanos de volta. "Mas eles nunca escutaram a voz do povo e, obviamente, não vão querer escutá-la agora", disse Lula. E continuou criticando a oposição. "Por mais que nos provoquem, não usaremos os mesmos métodos, pois temos armas limpas e poderosas. Uma delas é a comparação do que eles fizeram em oito anos de governo com o que nós estamos fazendo em apenas três anos e meio".

Lula disse que no final do governo de Fernando Henrique a economia encolhia, o emprego diminuía e a pobreza aumentava. Classificou a gestão de Fernando Henrique como "tempo da instabilidade e da vulnerabilidade econômica, época da insensibilidade social e de sucateamento da infra-estrutura e tempo dos grandes apagões". Foi um revide ao senador José Jorge (PFL), ministro de Minas e Energia durante os apagões de 2001, e hoje vice de Alckmin, que não se cansa de fazer críticas a Lula, como a de que o presidente "bebe muito".

Com a citação de vários indicadores otimistas de seu governo, o presidente disse que nos oito anos de gestão tucana foi grande o aumento da carga tributária. "Nosso aumento de arrecadação, ao contrário, se deu fundamentalmente pelo crescimento da economia e a melhoria da máquina arrecadadora". Lula disse ainda que acabou o tempo em que "um leve resfriado nos mercados globalizados significava uma grave pneumonia no Brasil".

Na comparação entre o governo do PT e a administração tucana, Lula disse que nos oito anos de Fernando Henrique, a taxa de desemprego aumento 41%, enquanto no governo dele, diminuiu 13 7%. "Mais importante: enquanto eles criaram em média 8,3 mil empregos por mês, nós estamos criando uma média de 102 mil empregos mensais".

Ao falar sobre a crise política provocada pelo mensalão e pela revelação de que o PT praticava caixa 2, o presidente afirmou que o importante é que seu partido não perdeu o rumo e iniciou um processo de autocrítica. "A oposição aproveitou-se de algumas condutas equivocadas para generalizar culpas e tentar destruir o partido mais autenticamente popular do Brasil; o único construído de baixo para cima, com sonhos e a dor de milhões de brasileiros".

O presidente falou ainda que os adversários tentaram se aproveitar da situação para passar "a falta idéia" de que seu governo compactuava com atos ilícitos. Lula repetiu ainda que seu governo foi o que mais apurou e puniu a corrupção em toda a História.

Embora Lula não tenha fechado a coligação que vai apoiar a campanha da reeleição, estavam na sua mesa o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), o senador José Sarney (PMDB-AP), os presidente do PC do B, Renato Rabelo, do PTB, Flávio Martinez, e do PSB, Eduardo Campos.

Durante toda a convenção, foi tocado o novo jingle da campanha, com forte tom populista. "É o primeiro presidente que tem a alma do povo do povo e tem a cara da gente. Por um País justo e independente, onde o presidente é povo e o povo é presidente´, diz um dos trechos da música. Mas antes do início do discurso de Lula, os presentes cantaram mesmo foi o "Lula-lá", de 1989.

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