Luiz Fernando Furlan defende prazo flexível para negociar Alca

O futuro ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, prometeu hoje dar apoio a setores da indústria que tiverem dificuldade de enfrentar a concorrência das empresas estrangeiras com os acordos de livre comércio negociados entre o governo e outros países.

“Sei que há muitos setores que são competitivos e outros que precisam de apoio para adaptação”, disse Furlan, depois de ter sido anunciado oficialmente como integrante do ministério de Lula. Ele disse também que é preciso flexibilizar os prazos de adoção da Área de Livre Comércio das Américas (Alca).

Segundo Furlan, certamente algumas políticas de tecnologia e de planejamento setorial poderão ser implementadas pelo novo governo. Ele disse que várias ações para dar competitividade à indústria nacional dependem, muitas vezes, de outros ministérios, por isso pretende trabalhar com seus colegas de governo.

O futuro ministro observou que há vários estudos e diagnósticos sobre a futura inserção do Brasil na Alca, comparando a competitividade de diversos setores das economias brasileira e americana, e que pretende aprofundar-se nesses estudos para definir as políticas que seguirá à frente do Ministério do Desenvolvimento.  Lembrou inclusive que, nesta semana, assistiu em São Paulo a uma apresentação do atual ministro, Sergio Amaral, de três trabalhos sobre o assunto.

A orientação do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, é que o Ministério do Desenvolvimento atue fortemente nos mercados internacionais, disse Furlan. Segundo ele, os desafios que alguns setores da economia vão enfrentar para se ajustar à abertura comercial e à competitividade internacional “são enormes”, mas é superando esses desafios, disse, que o País vai se preparar para não ser uma vítima da globalização.

Alca

O Brasil, segundo Furlan, só aceitará integrar a Alca se tiver benefícios com ela. “Para fechar negócio, ou o Brasil ganha, ou não fecharemos”, afirmou. Segundo ele, será preciso também flexibilizar os prazos das negociações.  Ele lembrou que o assunto já foi discutido entre Lula e o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, no encontro que ambos tiveram no início da semana, em Washington.  “Negociação é como comprar tapete persa”, exemplificou. “Começa com R$ 100 e termina com R$ 20.”

Na sua opinião, paralelamente às negociações da Alca, o Brasil tem condições de negociar um acordo entre o Mercosul e a União Européia e participar das discussões na Organização Mundial do Comércio (OMC).

Ele informou, ainda, que a Secretaria de Comércio Exterior continuará vinculada ao Ministério do Desenvolvimento. Desde a campanha eleitoral, Lula falava em criar uma Secretaria de Comércio Exterior ligada à Presidência da República. A permanência dessa secretaria no ministério foi decisiva para que Furlan aceitasse a função.

Em seu pronunciamento à imprensa, Furlan fez uma brincadeira com o futuro ministro da Fazenda, Antônio Palocci, que estava ao seu lado na cerimônia. Citando o ex-ministro da Fazenda Mário Henrique Simonsen, ele disse que, comparando-se os ministros a um time de futebol, o da Fazenda é o goleiro. “A ele compete não deixar fazer gol”, afirmou, sugerindo que Palocci deverá se preocupar com o equilíbrio da economia. “Os demais jogam para a frente.”

No entanto, comprometeu-se, em seguida, a ajudar Palocci na tarefa de evitar que a economia saia dos trilhos. Ele lembrou que, poucos minutos antes, Lula havia dito que ele era muito alto para caber na foto dos novos ministros. “Sou grande, mas posso ajudar na defesa.”

O futuro ministro anunciou também que está se desvinculando de todas as suas responsabilidades na área privada. “Depois de 30 anos, estou me aposentando. Estou deixando a Sadia e não pretendo voltar para a iniciativa privada  seja qual for meu desfecho como ministro. Estou começando uma nova fase da minha vida.”

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