Rio de Janeiro – A Justiça Federal ouviu nesta segunda-feira (7) o décimo nono suspeito de envolvimento na compra de liminares para beneficiar donos de bingos, preso na Operação Furacão, da Polícia federal (PF).

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João Oliveira de Farias foi interrogado pela juíza Ana Paula Vieira de Carvalho, da 6a Vara Criminal Federal, mas se negou a falar. Ele disse que não teve acesso às gravações telefônicas feitas pela PF e invocou o direito constitucional de permanecer calado. Antes dele, quatro outros suspeitos haviam adotado a mesma atitude.

Segundo a denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF), João Oliveira aparece como sócio da empresa Scorpion Lan House e tentou sacar de sua conta bancária R$ 1,2 milhão, logo após o início da operação. Suspeito de ser um dos tesoureiros do esquema, ele se apresentou à Justiça Federal no dia 25 de abril e foi um dos últimos a serem presos.

Ainda está foragido Marcelo Kalil, que também deveria ser ouvido hoje. Ele é filho de Antônio Petrus Kalil, conhecido como Turcão, acusado de ser um dos chefes do esquema.

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Com o fim da primeira fase dos interrogatórios, passa a contar prazo de 48 horas para os advogados pedirem que os réus que se negaram a falar deponham novamente.

A juíza já determinou que os novos interrogatórios aconteçam nos próximos dias 15, 16 e 17. Como a legislação permite que todos os acusados tenham acesso aos demais depoimentos, até lá, todos continuarão presos no Rio de Janeiro. Só depois devem seguir para a Penitenciária Federal de Segurança Máxima de Campo Grande (MS).

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Na casa de detenção, eles deverão ter a companhia de outros dois acusados de envolvimento no esquema de exploração de bingos e máquinas caça-níqueis: Rogério Andrade e Fernando Ignáccio, que estavam presos no Complexo de Gericinó (antigo Bangu).

A transferência foi pedida pela Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil do Rio de Janeiro (OAB-RJ), sob o argumento de que Andrade de Ignácio estariam sofrendo tratamento desumano e de que a prisão teria deficiências. De acordo com a OAB, os dois têm diploma de curso superior e por isso têm direito a tratamento diferenciado, o que não estaria ocorrendo.

O juiz da 4a Vara Federal Criminal, Flavio Oliveira Lucas, aceitou o pedido, mas destacou a necessidade de que Ignaccio e Andrade sejam mantidos sob o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), modalidade de cumprimento de pena em que os presos ficam sujeitos a condições mais rígidas. Por isso, a Justiça decidiu pela transferência para Campo Grande.

Hoje, os quatro servidores públicos presos na operação – os delegados federais Carlos Pereira da Silva e Susie Dias Mattos; o policial federal Francisco Martins da Silva; e o policial civil Marcos Antonio Bretas – ganharam mais 15 dias de prazo para apresentar suas defesas por escrito.

Durante este período, eles ficam presos na carceragem da PF em Brasília. Mas se a juíza Ana Paula não aceitar seus argumentos, eles deverão ser transferidos, junto com os demais, para a penitenciária de Campo Grande.