Juro futuro despenca na BM&F, com placar dividido do Copom

Foi um corte de 0,25 ponto porcentual "com gosto" de 0,5 ponto. A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), ontem à noite, de reduzir a taxa Selic (juro básico da economia brasileira) para 12,5% ao ano, mostrando um placar dividido (3 dos 7 diretores do comitê votaram a favor de um corte de 0,5 ponto porcentual), ampliou o efeito da queda do juro e detonou um movimento agressivo de venda de contratos futuros de depósitos interfinanceiros (DIs), em todos os vencimentos, na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F).

Mal começou o pregão eletrônico na BM&F, nesta quinta-feira (19) às 9 horas, as taxas dos juros foram às mínimas, com quedas expressivas e volumes respeitáveis. E, o que mais surpreende, em um dia em que a China provoca queda das bolsas internacionais. "Eu pensei que a China fosse limitar a reação ao Copom. Mas ninguém está nem olhando para a Ásia hoje", afirma um operador.

A votação dividida no placar do Copom (o comitê é composto por diretores do Banco Central) chegou a ser cogitada pelos operadores ontem como uma maneira de o BC fazer uma transição para um processo mais acelerado de corte de juros básicos. Nas mesas de operação, o comentário freqüente era de que, por causa do discurso em defesa da "parcimônia", nas últimas atas do Copom não havia espaço para apostas em cortes maiores no juro, apesar de haver uma melhora gradual do cenário.

Inflação sob controle, com expectativa de índices de preços cada vez mais baixos, dólar ameaçando chegar perto dos R$ 2,00 e perspectiva de melhora na classificação de risco do País estão entre os argumentos dos que defendiam a aceleração do corte do juro. Mas, apesar disso, o discurso cauteloso do BC inibia qualquer precificação mais ousada na curva de juros futuros. "O BC não poderia mudar o passo agora porque seria incoerente", explica um profissional.

Nesta quinta-feira, o mercado amanheceu convicto de que o BC mudará de postura e que o próximo passo será um corte de 0,5 ponto porcentual na Selic. Mas a próxima reunião do Copom acontece no começo de junho. Para quem está "vendido" (apostando na queda das taxas) há tanto tempo, esse é um motivo para comemoração. E estimula o mercado a aplicar ainda mais, em todos os vencimentos. Mas, admitem os operadores, o que é bom para o operador, é motivo de cautela para o economista – aquele encarregado de traçar cenários. "O Banco Central deu um olé nas expectativas, e deixa o mercado inseguro, porque vai ter de repensar o cenário, refazer as contas", afirma um operador.

Às 11 horas, o contrato futuro de DI com vencimento em janeiro de 2008 projetava taxa de juros 11,64% ao ano, no pregão viva-voz da BM&F. Ontem, no final do dia, a projeção desse vencimento era de 11,83% ao ano.

O DI de janeiro de 2009 está projetando hoje taxa de 11,15% ao ano, ante 11,39% do final da tarde ontem. O DI de janeiro de 2010 despencou para 10,98% esta manhã, contra 11,17% de ontem.

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