Jurados falam da decisão de inocentar Jackson

Os jurados do caso Michael Jackson fizeram entre si uma votação informal no início das deliberações e chegaram à conclusão que a maioria considerava o cantor pop inocente.

O jurado Raymond Hultman disse que ele e outros três membros do grupo não tinham essa opinião no começo, mas que, depois, a maioria os convenceu de que as provas apresentadas pela promotoria não eram suficientes para declarar Jackson culpado.

"Isto não quer dizer que ele seja inocente", disse Hultman em entrevista concedida à The Associated Press em frente à sua casa em Santa Maria. "Simplesmente não é culpado dos crimes de que foi acusado".

Disse ainda que a promotoria apresentou consideráveis provas de que Jackson seguia um padrão de conduta imprópria com muitos meninos, mas não com o menino acusador.

O júri absolveu Jackson ontem das quatro acusações de abusar sexualmente de um menino de 13 anos em 2003 e a seis acusações relacionadas ao oferecimento de vinho à sua suposta vítima e a uma suposta conspiração para mantê-lo preso com sua família em Neverland.

Hultman opinou que a prova mais convincente apresentada pela promotoria foi um vídeo do menino ao fazer sua primeira denúncia à polícia. Mas disse que lhe preocupava o fato de o acusador já ter falado com dois advogados e um psicólogo antes de ir à polícia. "As coisas teriam sido totalmente diferentes se (a família) não tivesse visitado primeiro dois advogados", disse Hultman.

"Todo mundo tem certas crenças e acredito que o grande feito de todos os jurados deste caso foi separar nossas crenças do que demonstravam as provas", agregou Hultman a um telejornal matinal hoje.

"Estivemos sob forte tensão", disse outra jurada, Tammy Bolton a um programa de televisão. "Sabíamos que havia milhares – milhões – de pessoas nos olhando, observando, atentas a qualquer coisa que disséssemos".

Os jurados disseram que tiveram uma má impressão da mãe do acusador, que tentava piscar para eles e roía as unhas durante os depoimentos.

A jurada Eleanor Cook, de 79 anos, disse que a mãe estava penteada e maquiada quando apareceu no vídeo filmado por funcionários de Jackson para refutar o documentário Vivendo com Michael Jackson.

Mas ressaltou que quando ela se apresentou no tribunal para depôr, estava descabelada e sem maquiagem. "Quando se apresentou no tribunal parecia uma Madre Teresa saída de um temporal", disse Cook em um programa de televisão. "Senti que ela queria despertar nossa compaixão".

O presidente do júri, Paul Rodríguez, disse hoje em outro programa que sentiu que a mãe do menino o escolheu como aliado porque os dois são hispânicos. "Ela me olhava e mordia os dedos e parecia dizer: ´você sabe como é a nossa cultura´. E piscava para mim", disse Rodríguez. "Mas eu pensei: ´não, nossa cultura não é assim´".

Outra jurada disse que sentia pena do acusador e de seus irmãos, acreditando que os três haviam sido treinados pela mãe para mentir. "Como mãe, os valores que ela ensinou para eles, são difícil de entender", ela disse. "Eu não gostaria que nenhum dos meus filhos mentissem".

Os jurados disseram que, à medida que avançava o julgamento, começaram a considerar Jackson como uma pessoa comum e não como uma celebridade. Rodríguez disse que Jackson, à sua maneira, agradeceu pelo veredicto.

"Ele nos olhou" de sua mesa, disse o jurado. "Eu olhei para ele diretamente nos olhos quando era lida a última parte do veredicto, e ele disse abertamente, movendo os lábios: Obrigado!".

Quando o veredicto foi lido, Jackson ficou sentado imóvel, como fez durante todo o julgamento, apenas limpando os olhos com um lenço. Uma advogada de sua equipe, Susan Yu, rompeu em lágrimas.

Depois do veredicto, um cansado Jackson se retirou para seu rancho Neverland onde, de acordo com a família dele, ele foi direto para a cama. O cantor, que parecia exausto ao sair da corte, está "tentando recuperar as forças", disse o pai dele, Joe Jackson.

Após a absolvição, os jurados leram uma declaração fora do tribunal: "Nós, os jurados, estudamos completa e meticulosamente os testemunhos e a evidência apresentada. Chegamos a um veredicto com certeza".

Em seguida, receberam do juiz Melville uma última determinação: estão proibidos de falar sobre o caso, inclusive com a imprensa, por mais um ano e meio, até acabar a ordem de silêncio.

Tanto Jackson como sua família não comentaram o veredicto hoje. Ele não tem mais porta-voz desde que Raymone K. Bain foi dispensada na semana passada.

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