Julgamento do Congresso

O presidente da Câmara dos Deputados, João Paulo Cunha, do PT, queixou-se da falta de reconhecimento pela sociedade e pela imprensa para com o trabalho realizado pelos parlamentares. Foi no encontro sobre “Democracia, Governabilidade e Partidos Políticos na América Latina”, no Parlamento Latino-Americano, em São Paulo. A queixa de João Paulo Cunha, um deputado dedicado, bem intencionado e honesto, soa como um desabafo de quem, pela posição que ocupa, olha os fatos de uma ótica que não é e não pode ser a mesma do povo e da imprensa. Ele, na presidência da Câmara, trabalha, e muito. E ressalta alguns feitos recentes do Congresso que não estariam tendo o reconhecimento merecido, dentre eles a aprovação dos estatutos do desarmamento e do idoso. E anunciou, para depois do recesso, a prevista aprovação da nova legislação das agências reguladoras, a proposta de emenda constitucional do trabalho escravo, a construção da Universidade do ABC e a lei que cria o programa “Universidade para Todos”.

Há, de fato, um conceito generalizado de incompetência do Congresso. Não só de incompetência, mas também de leniência e corrupção. Enfim, uma opinião negativa que se espalha por toda a classe política. É que para o povo, em sua maioria de pouca ou nenhuma escolaridade e precária politização, as análises sobre o Congresso e os meios políticos se fazem através dos resultados. E os resultados são, hoje e sempre, negativos. E negativos também os resultados da atuação do Poder Executivo e mesmo da Justiça, esta pela demora de suas decisões.

O Brasil atravessa séculos de injustiças sociais, excessiva burocracia, desemprego, fome em amplos setores da população, favelas, maus salários, previdência social precária e que não está à disposição de todos, saúde deixando muitíssimo a desejar e violência que se traduz por falta de segurança e medo. Não se esgotam aí os males dos nossos governos e o Congresso, voz do povo e poder ao qual compete legislar e fiscalizar o Poder Executivo, só de vez em quando dá alguns passos adiante. E, não raro, dá muitos para trás, além de guardar nas gavetas por anos tentativas de soluções de graves problemas que afligem a nação.

O Congresso é formado de representantes de partidos políticos que não mais significam que meras siglas, instrumentos para que cidadãos bem intencionados, mas muitos mal intencionados, conquistem mandatos. Eles migram de um partido para outro como quem troca de meias, os partidos com programas e ideologias só no papel e os políticos, em grande número, dispostos a abraçar idéias e propostas conforme suas conveniências eleitoreiras. Os instrumentos usados por muitos políticos para se eleger sempre foram a compra de votos, pagando em espécie, com favores pessoais ou com falsas promessas. O Congresso pode ser, pela maioria de seus membros, um poder sério e trabalhador, mas as maçãs podres que nele estão dão a cor e o cheiro que o povo vê e sente.

Existem deputados e senadores bons, inclusive paranaenses. Dias atrás, o Diap divulgou que dentre os cem parlamentares federais mais ativos estão Gustavo Fruet, doutor Rosinha, Paulo Bernardo, Abelardo Lupion, José Borba e Luiz Carlos Hauly. Estes são paranaenses e sua atuação, independentemente de que partidos representem, nos enchem de esperanças.

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